Nesta publicação irei falar de vectores uma das áreas em
que o técnico de saúde ambiental também participa e onde tem um papel
fundamental na participação do programa REVIVE (Rede Nacional de Vigilância de
Vetores).
O
Programa REVIVE insere-se no âmbito de atuação do Técnico de Saúde Ambiental,
pois no Decreto-Lei nº 117/95, de 30 de Maio referente ao conteúdo funcional do
Técnico de Saúde Ambiental na alínea a) do artigo 1 refere que: “O Técnico de
higiene e saúde ambiental atua no controlo sanitário do ambiente, cabendo-lhe
detetar, identificar, analisar, prevenir, e corrigir os riscos ambientais para
a saúde, atuais ou potenciais que possam ser originados por fenómenos
naturais...".
O programa REVIVE,
sediado no Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas, que arrancou em
2008, e que responde à necessidade de melhorar o conhecimento sobre as espécies
de vetores presentes no país, a sua distribuição e abundância, contribuindo
para o esclarecimento do seu papel como agentes de transmissão de doença, assim
como detetar atempadamente introduções de espécies invasoras com importância em
Saúde Pública.
Desta forma,
privilegiando a prevenção, em detrimento da resposta à emergência, a vigilância
permite detetar atempadamente qualquer alteração na abundância, na diversidade
e papel de vetor, levando as autoridades a definir medidas que contribuam para
a proteção da Saúde Pública.
O REVIVE
permite de forma contínua cumprir os seguintes objetivos:
- Vigiar
a atividade de artrópodes hematófagos, caracterizar as espécies e a
ocorrência sazonal em locais previamente selecionados;
- Identificar
agentes patogénicos importantes em Saúde Pública transmitidos por estes
Vetores;
- Emitir
alertas para a adequação das medidas de controlo, em função da densidade
dos vetores e do nível de infeção.
Com estreita
ligação internacional, o REVIVE contribui regularmente para a rede de
vigilância de vetores a nível de toda a Europa (VBornet) e para o Programme on
emerging and vector-borne diseases, criados pelo European Centre for Disease
Prevention and Control (ECDC).
O INSA como
entidade competente na vigilância, formação e disseminação de informação sobre
este assunto, através do Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas
(CEVDI), tem vindo a desenvolver estas atividades, ao longo dos anos, dirigidas
especialmente aos Técnicos de Saúde Ambiental (que participam nas capturas em
todo o país), a Médicos e outros profissionais de saúde.
Sobre o trabalho
desenvolvido pelo REVIVE:
2012
- REVIVE
“Culicídeos - mosquitos”: como início em Maio, em função do período de
atividade destes vetores, e que decorrem até Outubro, com a participação
das ARS Alentejo, Algarve, Centro, Norte e IA Saúde Madeira. O
financiamento é garantido pelas regiões (campo) e pelo INSA (laboratório).
A ARS LVT, participou em 2008 e 2011, não estando a participar em 2012.
- REVIVE
“Ixodídeos - carraças”: em curso desde Janeiro com a participação da ARS
Alentejo, Algarve, Lisboa e Vale do Tejo e Norte. A participação é
financiada pelas ARSs (campo e laboratório).
Desde 2011, a vigilância de Vetores no REVIVE foi
alargada ao estudo de carraças, sendo atualmente também efetuada a vigilância
de outros artrópodes hematófagos (as carraças) e pesquisados os agentes
patogénicos mais importantes em Saúde Pública transmitidos por estes vetores,
nomeadamente rickettsias (agentes da febre escaro-nodular e linfangite) e
borrélias (agentes da borreliose de Lyme).
A deteção dos
agentes nas carraças, realizada atempadamente, permite ao clínico o estabelecimento
ou exclusão precoce de um diagnóstico, através da componente epidemiológica.
A inclusão do
estudo das carraças no REVIVE tem sido essencial para a melhor comunicação
entre os clínicos e o laboratório, com o benefício evidente para o doente., sendo
a análise das carraças colhidas em humanos essencial para o esclarecimento do
potencial patogénico de alguns agentes infeciosos que por só terem isolados de
carraças, até ao momento, se desconhece a sua ação patogénica para o Homem.
Procedimento
de Colheita de Amostras de Mosquitos Adultos:
Durante
o período em que tive a oportunidade de estagiar na unidade de Saúde Publica
colaborei numa colheita de mosquitos adultos esta foirealizada num jardim
público, num local abrigado do vento, para efectuar a colheita foi utilizada
uma armadilha CDC (Centers for Disease Control and Prevention), esta armadilha contém
uma fonte de luz que atrai os mosquitos para um local onde estes são aspirados
passando de imediato para o recipiente coletor. Por sua vez o gelo seco também
vai atrair os mosquitos mas devido à libertação de dióxido de carbono, já que
estes localizam os potenciais hospedeiros através do dióxido de carbono
expirado durante a respiração.
Material
utilizado na Colheita:
-
Armadilha tipo CDC (Center for Disease Control) e recipiente coletor;
-
Bateria carregada;
- Gelo
seco e saco;
-
Termo-higrómetro.
Método
de Colheita:
1-
Produzir o gelo seco necessário à colheita;
2-
Colocar a armadilha antes do pôr-do-sol com o recipiente coletor e ligar à
bateria;
3-
Verificar se as portas metálicas basculantes da armadilha se encontram na
posição fechada e testar várias vezes se abrem e voltam à posição inicial;
4-
Colocar o Termo-higrómetro. Anotar os dados importantes no boletim de colheita
(tipo de habitat, proximidade de água, entre outros);
5-
Colocar o recipiente de gelo seco na proximidade da armadilha (se for um saco
de plástico deve-se fazer um furo);
6- Na
manhã do dia seguinte, após o nascer do sol, recolher com cuidado o recipiente
coletor, evitando fugas dos mosquitos capturados. Registar os dados relativos à
temperatura e humidade relativa no boletim de colheita.
Expedição
das Colheitas:
Para a
expedição, as amostras foram bem acondicionados em recipientes estanques, sendo
que estes foram posteriormente colocados numa caixa térmica em esferovite com
um termoacumulador e enviados por correio juntamente com os boletins de
colheita para o CEVDI (Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infecciosas).
Fig 1- Fabrico do gelo seco |
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