Mais uma vez muito
bem-vindos a este espaço nesta publicação vou falar-vos de uma visita guiada
que em muito me enriqueceu, esta realizou-se na central termoelétrica de Sines.
O
consumo energético a nível mundial aumenta anualmente a uma taxa aproximadamente
de 1.6 %, este valor poderá subir nos próximos anos se se mantiverem as
propensões atuais de produção.
As
centrais que utilizam combustíveis fósseis e nuclear são denominadas centrais
termoelétricas, estas têm um papel de enorme relevância na produção de energia
elétrica, isto deve-se ao facto de estas terem como base a aplicação de
combustíveis fósseis como combustível essencial. Nos dias que correm, a
utilização desses combustíveis atinge cerca de três quartos do consumo
energético mundial.
No
decorrer do presente estágio para grande alegria minha foi-me possível
conhecer, através de uma visita guiada, a Central Termoeléctrica de Sines.
Esta
localiza-se na costa alentejana, cerca de 8 km a sudeste da cidade de Sines,
junto à praia de São Torpes.
A
central foi construída no início de 1979 e teve a sua conclusão em meados de
1989. No entanto, o seu primeiro grupo gerador entrou em funcionamento em 1985
e os restantes em 1986, 1987 e 1989. A decisão em construir a central teve por
base a estratégia da EDP em diversificar a fonte primária energética do país
devido à crise petrolífera existente entre 1973 e 1979, que provocou um aumento
considerável dos preços do petróleo e dos seus derivados.
Processo produtivo:
A
produção de energia através das centrais termoelétricas a carvão como é o caso
da central termoelétrica de Sines, é constituída inicialmente pela combustão do
carvão, que transmuta a água de estado líquido a gasoso. Este vapor de água
superaquecido circula através de uma rede até às turbinas. As turbinas acionam
o gerador que transmuta a energia mecânica em energia elétrica. Esta energia
gerada é transportada para um sistema de distribuição onde é levada até à
população pelas linhas de alta tensão. O vapor ao sair da turbina é encaminhado
ao condensador transformando o vapor em líquido em seguida é levado até à torre
de arrefecimento. A água arrefecida, juntamente com a água que é adicionada na
torre de arrefecimento, é transportada de novo ao condensador que por sua vez
converte a água fria em vapor. O vapor condensado é conduzido a caldeira dando
início a um novo ciclo.
Antes
da devolução da água ao Oceano Atlântico de onde esta é inicialmente
proveniente, e aproveitando o elevado caudal e o desnível existente entre o
condensador e o local da rejeição, foi instalado em cada grupo uma turbina de
recuperação (mini-hídrica) possibilitando recuperar parte da energia necessária
à captação da água para a condensação do vapor.
Figura nº 1- Central Termoelétrica de
Sines
|
A
central é constituída por quatro grupos de geradores idênticos possuindo uma
autonomia independente capaz de produzir uma potência elétrica unitária de 314
MW.
Cada
um dos grupos de geradores que compõe a central inclui um sistema de vapor de
circulação natural, Grupos Geradores de Vapor (GGV), um grupo turboalternador
(GTA) e um transformador principal.
O
fornecimento do carvão que abastece a central provem maioritariamente da África
do Sul, e América do Sul, o transporte é efetuado por via marítima e a descarga
dá-se no porto de Sines até ao parque de carvão da EDP que tem uma capacidade
de armazenamento de 1,5 milhões de toneladas. O transporte até ao parque de
carvão (Figura nº 2) é realizado por meio de telas transportadoras e de torres
de transferência.
No
parque de carvão da Central Termoelétrica de Sines, são alinhadas quatro pilhas
ativas de 150 000 toneladas cada e uma pilha passiva de 700 000 toneladas.
Reflexão:
Um
dos aspetos que mais me fascinou ao longo desta visita foi a dimensão do espaço
abrangido pela central termoeléctrica de Sines. Eu estava mentalizado que ia
encontrar algo grande, mas a grandiosidade daquilo com que me deparei foi
extraordinário. Para que tenham uma ideia das dimensões a que me refiro, a
central termoelétrica de Sines dispõe de um aterro com uma área de
aproximadamente de 11 hectares, com capacidade para 1 253 000 toneladas de
resíduos não perigosos.
Outra
grande surpresa foi a forma como o abastecimento de carvão é feito a partir do
cais mineraleiro do porto de Sines, por tapete transportador coberto até ao
parque de carvão, cuja capacidade de armazenagem é de 1.5 milhões de toneladas.
Uma vez no parque de carvão, através de máquinas de retoma e de um agrupado de
telas transportadoras, o carvão é conduzido para os silos metálicos que se encontram
situados junto ao gerador de vapor.
Nos
silos, o carvão é descarregado a um alimentador, que alimenta o moinho onde é
efetuada a moagem. Depois o carvão já pulverizado é transportado a uma caldeira
onde é queimado, garantindo uma combustão completa na respetiva câmara de
combustão.
Os
gases e alguns resíduos sólidos resultantes deste processo são libertados na
atmosfera através de duas chaminés com 225 m de altura, apenas superadas, pela
refinaria vizinha com uns impressionantes 250 m tal como nos foi dito. A altura
elevada das chaminés garante, de certa forma, a dispersão atmosférica de
partículas.
Outra
das boas surpresas que esta visita nos proporcionou foi o fato de ficar a saber
que, as cinzas volantes de carvão captadas nos precipitadores electrostáticos
são comercializadas para a indústria do cimento e do betão, sempre que as suas
características físico-químicas estejam em conformidade com a normalização
existente.
Mas
não são apenas as cinzas resultantes que são aproveitadas e colocadas no
mercado para aproveitamento noutras indústrias, o mesmo também acontece com o
gesso proveniente da unidade de dessulfuração, apenas acerca de 5 a 15% de todo
o gesso produzido não é reaproveitado e é depositado em aterro para o efeito. O
restante é encaminhado para a indústria química, para produção de hemidrato, ou
para a indústria transformadora, como a produção de placas de gesso. Este
aterro destinado à deposição de gesso ocupa uma área de cerca de 5,5 hectares e
possui uma capacidade instalada de cerca de 30 a 90 t/dia.
Uma
das salas que mais me chamou a atenção, talvez por parecer saída de um qualquer
filme de ficção cientifica, foi a sala onde está instalado o sistema de monitorização
interna, em contínuo, que controla as emissões atmosféricas para o meio
ambiente, assim como o total funcionamento da central.
E
por fim não esquecendo a segurança no trabalho, não posso deixar de referir o
grande cuidado que é tido nessa área, podemos observar dispostos em lugares
estratégicos na central a presença de disfibrilhadores, mascaras com botijas de
gás entre outros dispositivos que estamos mais habituados a encontrar na nossa
área de atuação.
Pelo
que questionamos, todos têm formação para a colocação e uso das mascaras de gás
apesar das mesmas trazerem instruções de utilização. Quanto aos
disfibrilhadores foi-nos dito que apenas alguns dos trabalhadores tendo em
conta a sua presença temporal, uma vez que a central apresenta funcionamento
por turnos têm formação de utilização dos mesmos.
Quero
deixar aqui a informação de que a central termoelétrica de Sines se encontra
disponível para visitas guiadas às escolas, e seria seguramente bastante
interessante de futuro as turmas do nosso curso poderem visitar este espaço.
Aos
meus colegas que realizarão de futuro os estágios fica aqui o conselho de o
procurarem realizar na central termoelétrica de Sines.
Espero
que esta publicação tenha sido útil, e mais uma vez um muito obrigado por visitarem
este espaço J .
Bibliografia:
1- AAC, Agri-pro Ambiente, Consultores S.A. (2004). Estudo de impacto
ambiental do Projeto de Dessulfuração da Central Termoelétrica de Sines,
EDP, Vol. I- Resumo Não Técnico, pp.8.
2- AAC,
Agri-pro Ambiente, Consultores S.A. (2008). Estudo do Impacto Ambiental dos
Projetos de Conversão e de Loteamento da Refinaria de Sines, Galp Energia,
Vol. 2, Cap. 4.
3- Adriano, D.C., Page, A.L., Elseewi, A.A., Chang, A.C.,
e Straughan, I. (1980). Utilization and disposal of fly ash and other coal
residues in terrestrial ecosystems: a review. J.
Environm. Qual., Vol. 9:03, pp. 333 – 334.
4- Alloway, B.J. e Ayres, D.C., (1993). Chemical
Principles of Environmental Pollution. Blackie Academic &
Professional, London; New York, ISBN 0751400130, pp. 291.
5- Carlon, C. (Ed.) (2007). Derivation methods of soil screening values
in Europe, A review and evaluation of national procedures towards
harmonization, European Commission, Joint Research Centre, Ispra, EUR 22805-EN,
pp. 306.
6- CCDR (2004), Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Alentejo. Projeto Sinesbioar - Relatório Técnico Intercalar.
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