domingo, 8 de dezembro de 2013

Vigilância Sanitária de Águas de Utilização Recreativa

Mais uma vez muito bem vindos ao meu blog, nesta publicação irei falar da Vigilância Sanitária de Águas de Utilização Recreativa, ou mais especificamente de água das piscinas.  O número de utilizadores destes espaços tem vindo a aumentar, especialmente pelos grupos de faixa etária mais baixos, nomeadamente crianças em idade pré-escolar e escolar. Também se tem registado um aumento da utilização destes espaços por grupos de pessoas em fase de terceira idade, pois os benefícios que determinadas actividades desenvolvidas nestes espaços trazem a saúde nesta fase da vida são perfeitamente conhecidos.
Como tal, deve existir uma especial atenção no que se refere aos variados riscos que podem advir para a saúde pública, devido à constante possibilidade de contaminação destas águas, por diversos contaminantes químicos e/ou microbiológicos.

 A Direção-Geral da Saúde criou um programa de vigilância sanitária para as piscinas através da Circular Normativa nº14/DA, de 21 de Agosto de 2009, onde constam variadas noções e procedimentos, visando a avaliação da qualidade da água dos tanques, garantindo a existência de planos de identificação, monitorização e controlo de risco, de modo a eliminar e reduzir os riscos para a saúde dos utilizadores e trabalhadores das piscinas. Este programa de vigilância sanitária abrange as piscinas de Tipo 1 (públicas), Tipo 2 (semi-públicas), sendo excluídas as piscinas de Tipo 3 (uso privado), pois são destinadas a um número reduzido de utilizadores.
No âmbito da vertente tecnológica do programa de vigilância sanitária das piscinas, pretende-se identificar, conhecer e avaliar, as condições de instalação e funcionamento das mesmas (aspectos construtivos, organização dos espaços, revestimentos, circuitos hidráulicos e equipamentos de tratamento de águas, produtos químicos utilizados, higienização da piscina, etc.) e serviços anexos (instalações sanitárias, balneários e vestiários, postos de socorro, etc.), através de vistorias e apreciação de projectos.
A vertente analítica,  pretende aferir acerca da qualidade da água dos tanques, e compreende o planeamento das colheitas, sua realização e posterior análise laboratorial, para pesquisa de indicadores microbiológicos de contaminação e determinação de parâmetros físico-químicos. Alguns parâmetros como o cloro residual livre, cloro combinado, pH e temperatura são determinados localmente aquando das colheitas.

“Segundo o Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril, compete às autoridades de saúde “vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas corretivas necessárias á defesa da saúde publica.”

A vertente epidemiológica é da competência das autoridades de saúde, as quais deverão realizar estudos orientados para a avaliação do risco para a saúde da qualidade da água dos tanques, quando justificados pelos dados analíticos e epidemiológicos, e visa estudar o impacto destes espaços na saúde dos seus utilizadores. 

Fig 1- Piscina coberta
Equipamento necessário à realização de amostras de água de utilização recreativa:













 Procedimento para a Colheita de Amostra de Água para Análise Microbiológica:
Colheita em Superfície:

- Remover com cuidado a tampa do frasco esterilizado, junto à água;
- Encher o frasco à superfície da água, sempre voltado para a frente (o frasco não deve ser enchido totalmente);
- Fechar corretamente o frasco;
- Proceder à devida identificação da amostra na etiqueta colocada no frasco;
- Acondicionar o frasco numa mala térmica, aproximadamente a 4ºC e fazer o seu transporte até um laboratório acreditado;
- Preencher a requisição de análise a ser entregue no laboratório com a identificação da amostra e os parâmetros de campo medidos.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5ºC.

Colheita em Profundidade:
- Colocar corretamente as cordas na armação do frasco;
- Submergir o frasco à profundidade pretendida (aproximadamente 1 metro);
- Movimentar a corda que aciona a abertura do frasco (a corda que permite a entrada de água no frasco deve ser puxada apenas quando o frasco estiver completamente submerso);
- Encher o frasco, fechá-lo corretamente e retirá-lo da água;
- Identificar o frasco com a etiqueta e colocá-lo na caixa metálica;
- Colocar na mala térmica a caixa metálica que contém o frasco e transportá-los ao laboratório.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5ºC.

As colheitas para análise microbiológica têm como objetivo a determinação dos parâmetros microbiológicos presentes na água. 

As colheita para análise Físico-Química tem como objetivo a determinação dos parâmetros físico-químicos presentes na água, sendo necessário para a realização da colheita um frasco de polietileno.
Procedimento para a Colheita de Amostra de Água para Análise Físico-Química:
- Calçar as luvas;
- Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo, sem a pousar no chão;
- Mergulhar o frasco em posição vertical a uma profundidade de cerca de 20 cm, inclinando-o para encher;
- Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento. O frasco deverá ficar completamente cheio;
- Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo;
- Colocar o frasco na mala térmica e transportá-lo ao laboratório de imediato;
- Preencher a requisição de análise a ser entregue no laboratório com a identificação da amostra e os parâmetros de campo medidos.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5ºC.

Análises de Campo:
Nas análises de campo, devem ser analisados três parâmetros, teor de pH e de cloro residual livre e a temperatura da água. O teor de cloro residual livre varia consoante o valor do pH, ou seja, para um pH dentro do intervalo de 6,9-7,4 o cloro deverá estar no intervalo de 0,5-1,2 mg/L; para um pH dentro do intervalo de 7,5-8 o cloro deverá estar dentro do intervalo 1-2 mg/L. Da mesma forma é favorável que a temperatura da água da piscina, no caso de uma piscina coberta, apresente valores inferiores a 30º C temperatura.

É extremamente importante continuar a trabalhar na vigilância das águas recreativas, deixo em seguida os nomes de algumas doenças transmitidas por águas das piscinas mal cuidadas:
- Pneumonites;
- Gastroenterites,
- Conjuntivites;
-Tumores cutâneos benignos;
- Pé de atleta;
- Leptospirose;
 - Otites;
- Meningites;

Termino esta publicação com um video informativo, referente ao Pé de Atleta, uma das doenças propícias a ser transmitida nas piscinas, principalmente nas piscinas de água quente:


Muito Obrigado...!!! :)

Fontes bibliográficas:
- Direcção-Geral da Saúde (DGS), Circular normativa nº 14/DA, de 21 de Agosto de 2009. Programa de Vigilância Sanitária de Piscinas:
http://ssaude.files.wordpress.com/2010/12/cn14.pdf
- Decreto-Lei n.º 82/2009, de 2 de Abril:
- Organização Mundial de Saúde:
http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/9241546808_eng.pdf

Sem comentários:

Enviar um comentário