domingo, 8 de junho de 2014

Reflexão de final de estágio:

Chegou para mim o final de mais uma etapa, este último estágio realizado na EDP Distribuição está dado por terminado.

Sinto que a realização deste estágio foi para mim um momento chave na minha formação profissional, pois cresci como pessoa e como futuro Técnico de Higiene e Segurança.


O que aprendi não se prende ao setor elétrico nem a técnicas ou procedimentos de segurança, aprendi algo que me será útil em qualquer área em que este curso me permita trabalhar, aprofundei os meus conhecimentos no que toca a interagir com os outros ao nível profissional.
 Tive por diversas vezes a possibilidade de observar aquela que é a forma que julgo ser a mais adequada, no que toca a passar a mensagem ao nível da segurança no trabalho. Pois a postura que o nosso orientador de estágio  apresenta, demonstra aos trabalhadores que nós, técnicos de segurança no trabalho queremos fazer parte da solução e das melhorias possíveis, e nunca de um problema. Demonstrando que a nossa luta diária é para garantir o bem-estar e saúde dos trabalhadores mostrando que estes nunca devem fugir ou esconder-se de nós. 
E foi esta a realidade que eu encontrei ao trabalhar com o Dr. Francisco Guiomar, as equipas de trabalho ficavam agradas por nos ver e falam abertamente das suas realidades profissionais. Os trabalhadores sabiam que a nossa presença era a garantia que eles não estavam esquecidos, que havia pessoas que trabalhavam diariamente, de forma a garantir que a segurança dos trabalhadores deve vir sempre em primeiro lugar, e se as condições de segurança para realizar um determinado trabalho não estiverem garantidas a 100 % este não poderá ser realizado até estas estarem asseguradas.

Não poderia estar mais feliz por ter realizado o estágio nesta grande instituição aliada ao fato do mesmo ter tido o acompanhamento do Dr. Francisco Guiomar. Este foi incansável na sua procura em transmitir a mim e à minha colega de estágio Ana Machado, o conhecimento necessário para a realização das mais diversas tarefas. Realçando sempre os nossos pontos fortes, e indicando-nos de uma forma positiva os aspetos que tínhamos a melhorar de forma a terminarmos este estágio prontos a ingressar no mercado de trabalho. Sinto que eu e a minha colega conseguimos absorver esse conhecimento, essa forma de estar e os valores que nos foram transmitidos.

Sem me querer alargar muito mais, queria desde já deixar um enorme agradecimento ao nosso coordenador de estágio Professor Rogério pela disponibilidade e concelhos que nos deu no decorrer deste estágio, de forma a que o mesmo corresse pelo melhor, e também pelas orientações que nos tem dado de forma a dar o melhor seguimento a nossa carreira profissional.

Um beijinho muito grande à minha colega e amiga Ana Machado, com quem tenho a convicção de ter feito um ótimo trabalho, na procura de aprender esta nossa futura profissão, sem a sua companhia sei que esta experiência não teria sido tão positiva como se proporcionou.

Um grande abraço ao nosso orientador de estágio Dr. Francisco Guiomar pelo grande modelo que foi para nós e pela excelente pessoa que é, é sempre uma grande alegria conhecer pessoas assim, que nos marcam única e exclusivamente pela positiva.
Eu e a minha colega Ana Machado terminamos este estágio sabendo que ganhámos mais um amigo para as nossas vidas, um muito obrigado e um grande abraço.

Queria também deixar um abraço a todos os colaboradores da EDP Distribuição de Beja, assim como a todos os prestadores de serviços com que tivemos a oportunidade de trabalhar, pela forma profissional e simpática com que nos receberam permitindo uma fácil e rápida integração.

E para terminar um abraço e um muito obrigado a todos os que acompanharam este blogue ao longo dos últimos meses, este espaço continuará ativo, qualquer dúvida ou questão que queiram ver esclarecida podem coloca-la neste espaço, e responderei o mais rápido quanto possível.





                                                                                                                      Até já J !!....

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Riscos Elétricos

Mais uma vez muito bem vindos a este espaço, nesta publicação vamos falar de riscos elétricos.
Tal como é possível verificar noutras formas de energia, a eletricidade apresenta riscos o que podem originar acidentes cujas consequências podem resultar em danos materiais, humanos ou ambos.

Esses riscos colocam-se ao nível do utilizador comum e, principalmente, ao nível dos profissionais que trabalham com a electricidade.
-a nível humano (consequências físicas que, em última instância, podem culminar na morte);
- a nível material (destruição de equipamentos, por exemplo).
Danos humanos resultam da passagem de corrente elétrica pelo corpo. 

Os principais efeitos fisiológicos da passagem da corrente elétrica pelo corpo humano, são os seguintes:

- Perceção;
- Tetanização;
- Paragem respiratória;
- Queimaduras;
- Fibrilação ventricular.

Figura nº 1- Ilustração de choque elétrico durante a ralização de trabalho


Perceção:
O limiar de perceção carateriza o valor mínimo da corrente sentida por uma pessoa, e que apenas carateriza uma sensação de formigueiro.

Tetanização:
É um fenómeno decorrente da contração muscular produzida por um impulso elétrico. O limite de “não largar” define-se como o valor máximo da corrente que um indivíduo pode suportar e largar um condutor ativo (condutor afeto à passagem da corrente elétrica).

Paragem respiratória:
Correntes superiores ao limite de “largar” podem provocar nas vítimas uma paragem respiratória. A passagem da corrente leva à contração dos músculos ligados à respiração e/ou aos centros nervosos que os comandam, produzindo asfixia que, permanecendo a passagem da corrente, levam à perda de consciência e morte por sufocamento.

Queimaduras:
Sendo a passagem da corrente elétrica acompanhada por desenvolvimento de calor, por efeito de Joule, uma das consequências mais frequentes dos acidentes elétricos são as queimaduras.
Estas queimaduras revelam-se mais intensas nas zonas de entrada e saída da corrente porque:
• a pele, quando comparada com os tecidos internos, apresenta uma elevada resistência elétrica;
• à resistência da pele soma-se a resistência de contacto entre a pele e as partes sob tensão;
• nos pontos de entrada e saída da corrente, sobretudo se as áreas de contacto forem pequenas, a densidade de corrente é maior.
Existem ainda as queimaduras provocadas pela libertação de calor por arco elétrico, como acontece na soldadura.
Estas queimaduras que assumem graves proporções nos acidentes elétricos com alta tensão, são as de mais difícil tratamento, podendo provocar a morte por insuficiência renal.

Fibrilação ventricular
Este fenómeno fisiológico é o mais grave que pode ocorrer devido à passagem da corrente elétrica. Deve-se ao facto de aos impulsos elétricos naturais que provocam a contração muscular do músculo cardíaco, se sobrepor uma corrente externa que faz com que as fibras ventriculares passem a contrair-se de modo descontrolado.

Danos materiais são frequentemente resultantes de incêndios e/ou explosões provocados por anomalias na instalação.
Como tal irei referir os riscos que um trabalhador está sujeito ao trabalhar com material elétrico, as suas causas e consequências, assim como propor algumas medidas essenciais de proteção e segurança.

Figura nº 2- Sinal de Perigo de electrocussão
Conceitos Gerais:

No que respeita a riscos elétricos, devemos ter presente dois conceitos distintos, são estes: 

Eletrocussão - um choque eléctrico que origina um acidente mortal.

Eletrização - um choque elétrico que não causa um acidente mortal, mas que pode originar outro tipo de acidentes, com consequências que podem ser mais ou menos graves. 

A distância que vai entre a eletrocussão e eletrização é determinado por diferentes fatores. Assim, os efeitos da corrente elétrica variam de acordo com:
- A capacidade de reação da pessoa;
- A intensidade;
- A frequência;
- O percurso através do corpo;
- O tempo de passagem.

Desta forma, em baixa tensão, a morte está acima de tudo relacionada pela ação local da quantidade de eletricidade que atinge o coração. Em situações de alta tensão, a morte surge devido à extensão das queimaduras.

Como tal, a perigosidade da corrente reduz com o aumento da frequência. As frequências industriais (50/60hz) são as mais perigosas. Acima dos 10.000hz, os principais perigos são as queimaduras, no caso das correntes serem muito intensas.


Causas e respetivas consequências dos riscos elétricos

Como foi referido em publicações anteriores, o Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica especifica duas categorias de riscos eléctricos para as pessoas, são estas:

Diretas:
- Contato acidental com uma peça do cabo condutor sob tensão;
- Defeito de isolamento da instalação elétrica.
Indiretas:
- Falta inesperada de electricidade;

- Ligação brusca à rede de alimentação.

Figura nº 3- Risco elétrico por contacto direto e indireto



Enumerando situações mais específicas, podemos identificar as causas mais frequentes de acidentes elétricos com condutores e ligações elétricas, como por exemplo:
- Utilizar fita adesiva para fazer isolamentos;
- Utilizar equipamentos com cabos de ligação deteriorados;
- Puxar pelo cabo de alimentação;
- Mover equipamentos ou aparelhos com cabos em tensão;
- Cabos arrastados, dobrados, entalados, queimados, etc..

No que toca aos acidentes domésticos envolvendo eletricidade estes devem-se na maior parte das vezes a:
- Sobrecarga das instalações;
- Trabalhos sob tensão;
- Restabelecimento da corrente;

- Falta de corrente.

Respetivamente à protecção das pessoas deve ser tido em conta o limiar do perigo para o organismo humano. Esse perigo altera consoante a intensidade da corrente: quanto maior, maiores efeitos fisiológicos terá para o ser humano.

Geralmente, a corrente circula das mãos para os pés ou de uma mão para a outra, situação esta que confere maior perigo.
O acidente é mais grave sempre que a trajetória da corrente atravessa o coração, sendo que o percurso mão direita-pé esquerdo é o que apresenta mais elevado risco de fibrilação ventricular.

O estado fisiológico e patológico do individuo, influencia de forma direta à recetividade da corrente elétrica por parte deste. Pois pode depender dos seguintes fatores:
- da fadiga;
- da saúde;
- da sede;
- da idade.

A intensidade da corrente que atravessará o corpo humano depende da resistência que este oferece à passagem da corrente elétrica. Essa resistência resulta da soma dos seguintes fatores:
- Resistência do ponto de contacto;
- Resistência dos tecidos internos que a corrente atravessa;

- Resistência da zona de saída da corrente.

Figura nº 4- Ilustração de falta de equipamentos de proteção, e do percurso da corrente elétrica através do corpo

Medidas de protecção e segurança:


Medidas informativas, estas são essenciais a qualquer situação, e têm como propósito alertar e dar a conhecer a existência dos riscos de eletricidade. Alguns casos deste tipo de medidas são:

- Instruções;
- Sinais;
- Normas de Segurança.

As medidas de proteção ativas são as mais adequadas no caso de se querer atuar contra a possibilidade de contatos diretos, tais como:
 - Uso da tensão reduzida de segurança;
- Afastamento das partes ativas;
- Recobrimento das partes ativas da instalação;
- Interposição de obstáculos.

As medidas de proteção passivas têm como objetivo proteger os indivíduos de contatos indiretos, tais como:
- Separação dos circuitos;
- Emprego de tensão reduzida de segurança.

Podemos ainda referir algumas medidas de proteção gerais tais como:
- Inacessibilidade simultânea de massas e elementos condutores estranhos à instalação;
- Estabelecimento de ligações equipotenciais;
- Isolamento dos elementos condutores estranhos à instalação.

Desta forma, os trabalhos em instalações elétricas devem:
- ter, por regra, a instalação fora de tensão;
- ser devidamente identificados e sinalizados;
- ser realizados por técnicos qualificados.
- ter em conta as 5 regras de ouro referidas em anteriores publicações.

Reflexão:

Ao ter recentemente conhecimento de que um trabalhador ao serviço do grupo EDP tinha sofrido em Bragança um acidente de trabalho mortal numa subestação, decidi abordar a problemática dos riscos elétricos em contexto de trabalho, bem como as consequências a nível material mas principalmente sob o ponto de vista humano e as respetivas medidas e ações de segurança e proteção desses mesmos riscos.
Ao longo dos últimos 3 meses ao qual realizei o estágio no departamento de segurança no trabalho da EDP Distribuição, foi-nos relatado muitos dos acidentes que decorreram ao longo dos anos, infelizmente alguns com vítimas mortais. 
Em alguns desses mesmos acidentes, verificou-se a perda de vida de mais do que um único trabalhador. Por motivos óbvios não vou descrever as circunstâncias em que os mesmos aconteceram, mas o fato de termos falado deles e discutido os fatores que culminaram nos desfechos fatídicos. Estes diálogos forneceu-nos a bagagem que nos permite analisar e identificar essas mesmas circunstâncias, e desta forma trabalhar de modo a prevenir que os mesmos não aconteçam no futuro.
Mas nem todos os acidentes que tivemos conhecimento resultaram em perda de vida, em três situações específicas tivemos a oportunidade de discutir com os mesmos trabalhadores que haviam sofrido acidente as causas que levaram à ocorrência do mesmo. Um dos acidentes deveu-se a explosão e consequente arco elétrico, outro resultou de queda em altura, e por fim aquele que mais controvérsia gerou deveu-se à tensão de passo, e digo que foi no mínimo controverso pois o trabalhador não apresentou mazelas físicas da saída da corrente do seu corpo, este fato suscitou uma interessante conversa com várias teorias validas de como o mesmo poderia ter ocorrido. 
Quero terminar a reflexão a este tema referindo algo que foi dito num dos encontros de segurança em que tive a oportunidade de participar, é um facto  que a grande maioria dos acidentes ocorrem em trabalhos devidamente planeados, e que apresentam rotina para os trabalhadores, estes fatores levam a que os trabalhadores talvez por excesso de confiança cometam erros que colocam a sua vida em causa.
Faz parte do nosso trabalho como técnicos de segurança, lembrar diariamente que o perigo é real e está presente, como tal nunca devem ser corridos riscos.
Os procedimentos devem ser seguidos escrupulosamente, assim como a utilização dos equipamentos de segurança, pois estes ditam a linha que separa a vida do fim dela.

Espero que esta publicação vos tenha sido útil, alguma questão que possam ter agora ou de futuro podem coloca-la neste espaço e tudo farei para responder.
Um muito obrigado…. :) 


Bibliografia: 

1- Palencar, M. Risk Communication and community right to know: Public Relations to inform, Janeiro 2008;

2-  Nunes, F. Manual Técnico: Segurança e Higiene do Trabalho, Setembro 2007;

3- Sargaço, J. Relatório Final de Estágio – Trabalhos em Tensão, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Junho 2007;

4-  EDP – Manual de Segurança – Prevenção do Risco Elétrico, Outubro 2002;

5- EDP– Regulamento de Segurança para a execução de trabalhos para a EDP, Dezembro 2012;



sexta-feira, 30 de maio de 2014

Visita guiada à Central Termoelétrica de Sines

Mais uma vez muito bem-vindos a este espaço nesta publicação vou falar-vos de uma visita guiada que em muito me enriqueceu, esta realizou-se na central termoelétrica de Sines.

O consumo energético a nível mundial aumenta anualmente a uma taxa aproximadamente de 1.6 %, este valor poderá subir nos próximos anos se se mantiverem as propensões atuais de produção. 

As centrais que utilizam combustíveis fósseis e nuclear são denominadas centrais termoelétricas, estas têm um papel de enorme relevância na produção de energia elétrica, isto deve-se ao facto de estas terem como base a aplicação de combustíveis fósseis como combustível essencial. Nos dias que correm, a utilização desses combustíveis atinge cerca de três quartos do consumo energético mundial.

No decorrer do presente estágio para grande alegria minha foi-me possível conhecer, através de uma visita guiada, a Central Termoeléctrica de Sines.
Esta localiza-se na costa alentejana, cerca de 8 km a sudeste da cidade de Sines, junto à praia de São Torpes.
A central foi construída no início de 1979 e teve a sua conclusão em meados de 1989. No entanto, o seu primeiro grupo gerador entrou em funcionamento em 1985 e os restantes em 1986, 1987 e 1989. A decisão em construir a central teve por base a estratégia da EDP em diversificar a fonte primária energética do país devido à crise petrolífera existente entre 1973 e 1979, que provocou um aumento considerável dos preços do petróleo e dos seus derivados.

Processo produtivo:
A produção de energia através das centrais termoelétricas a carvão como é o caso da central termoelétrica de Sines, é constituída inicialmente pela combustão do carvão, que transmuta a água de estado líquido a gasoso. Este vapor de água superaquecido circula através de uma rede até às turbinas. As turbinas acionam o gerador que transmuta a energia mecânica em energia elétrica. Esta energia gerada é transportada para um sistema de distribuição onde é levada até à população pelas linhas de alta tensão. O vapor ao sair da turbina é encaminhado ao condensador transformando o vapor em líquido em seguida é levado até à torre de arrefecimento. A água arrefecida, juntamente com a água que é adicionada na torre de arrefecimento, é transportada de novo ao condensador que por sua vez converte a água fria em vapor. O vapor condensado é conduzido a caldeira dando início a um novo ciclo.

Antes da devolução da água ao Oceano Atlântico de onde esta é inicialmente proveniente, e aproveitando o elevado caudal e o desnível existente entre o condensador e o local da rejeição, foi instalado em cada grupo uma turbina de recuperação (mini-hídrica) possibilitando recuperar parte da energia necessária à captação da água para a condensação do vapor.

Figura nº 1- Central Termoelétrica de Sines

A central é constituída por quatro grupos de geradores idênticos possuindo uma autonomia independente capaz de produzir uma potência elétrica unitária de 314 MW.
Cada um dos grupos de geradores que compõe a central inclui um sistema de vapor de circulação natural, Grupos Geradores de Vapor (GGV), um grupo turboalternador (GTA) e um transformador principal. 

O fornecimento do carvão que abastece a central provem maioritariamente da África do Sul, e América do Sul, o transporte é efetuado por via marítima e a descarga dá-se no porto de Sines até ao parque de carvão da EDP que tem uma capacidade de armazenamento de 1,5 milhões de toneladas. O transporte até ao parque de carvão (Figura nº 2) é realizado por meio de telas transportadoras e de torres de transferência.

No parque de carvão da Central Termoelétrica de Sines, são alinhadas quatro pilhas ativas de 150 000 toneladas cada e uma pilha passiva de 700 000 toneladas.

Figura nº 2 – Imagem do parque de carvão da central termoelétrica de Sines


A capacidade total de carvão no parque da central termoelétrica de Sines, permite à central uma autonomia de funcionamento normal de cerca de cinco meses.

Já nos silos, o carvão é descarregado a um alimentador, que alimenta o moinho onde é efetuada a moagem. De seguida, o carvão já pulverizado e transportado a uma caldeira onde é queimado afiançando uma combustão total na câmara de combustão.

A figura nº 3 representa o esquema simplificado do funcionamento da central termoelétrica de Sines.

                                         Figura nº 3 – Esquema do funcionamento da central termoelétrica de Sines 

Reflexão:
Um dos aspetos que mais me fascinou ao longo desta visita foi a dimensão do espaço abrangido pela central termoeléctrica de Sines. Eu estava mentalizado que ia encontrar algo grande, mas a grandiosidade daquilo com que me deparei foi extraordinário. Para que tenham uma ideia das dimensões a que me refiro, a central termoelétrica de Sines dispõe de um aterro com uma área de aproximadamente de 11 hectares, com capacidade para 1 253 000 toneladas de resíduos não perigosos.
Outra grande surpresa foi a forma como o abastecimento de carvão é feito a partir do cais mineraleiro do porto de Sines, por tapete transportador coberto até ao parque de carvão, cuja capacidade de armazenagem é de 1.5 milhões de toneladas. Uma vez no parque de carvão, através de máquinas de retoma e de um agrupado de telas transportadoras, o carvão é conduzido para os silos metálicos que se encontram situados junto ao gerador de vapor. 

Nos silos, o carvão é descarregado a um alimentador, que alimenta o moinho onde é efetuada a moagem. Depois o carvão já pulverizado é transportado a uma caldeira onde é queimado, garantindo uma combustão completa na respetiva câmara de combustão.
Os gases e alguns resíduos sólidos resultantes deste processo são libertados na atmosfera através de duas chaminés com 225 m de altura, apenas superadas, pela refinaria vizinha com uns impressionantes 250 m tal como nos foi dito. A altura elevada das chaminés garante, de certa forma, a dispersão atmosférica de partículas.

Outra das boas surpresas que esta visita nos proporcionou foi o fato de ficar a saber que, as cinzas volantes de carvão captadas nos precipitadores electrostáticos são comercializadas para a indústria do cimento e do betão, sempre que as suas características físico-químicas estejam em conformidade com a normalização existente.

Mas não são apenas as cinzas resultantes que são aproveitadas e colocadas no mercado para aproveitamento noutras indústrias, o mesmo também acontece com o gesso proveniente da unidade de dessulfuração, apenas acerca de 5 a 15% de todo o gesso produzido não é reaproveitado e é depositado em aterro para o efeito. O restante é encaminhado para a indústria química, para produção de hemidrato, ou para a indústria transformadora, como a produção de placas de gesso. Este aterro destinado à deposição de gesso ocupa uma área de cerca de 5,5 hectares e possui uma capacidade instalada de cerca de 30 a 90 t/dia.

Uma das salas que mais me chamou a atenção, talvez por parecer saída de um qualquer filme de ficção cientifica, foi a sala onde está instalado o sistema de monitorização interna, em contínuo, que controla as emissões atmosféricas para o meio ambiente, assim como o total funcionamento da central.
E por fim não esquecendo a segurança no trabalho, não posso deixar de referir o grande cuidado que é tido nessa área, podemos observar dispostos em lugares estratégicos na central a presença de disfibrilhadores, mascaras com botijas de gás entre outros dispositivos que estamos mais habituados a encontrar na nossa área de atuação.
Pelo que questionamos, todos têm formação para a colocação e uso das mascaras de gás apesar das mesmas trazerem instruções de utilização. Quanto aos disfibrilhadores foi-nos dito que apenas alguns dos trabalhadores tendo em conta a sua presença temporal, uma vez que a central apresenta funcionamento por turnos têm formação de utilização dos mesmos. 

Quero deixar aqui a informação de que a central termoelétrica de Sines se encontra disponível para visitas guiadas às escolas, e seria seguramente bastante interessante de futuro as turmas do nosso curso poderem visitar este espaço.
Aos meus colegas que realizarão de futuro os estágios fica aqui o conselho de o procurarem realizar na central termoelétrica de Sines.

Espero que esta publicação tenha sido útil, e mais uma vez um muito obrigado por visitarem este espaço J .

Bibliografia:

1- AAC, Agri-pro Ambiente, Consultores S.A. (2004). Estudo de impacto ambiental do Projeto de Dessulfuração da Central Termoelétrica de Sines, EDP, Vol. I- Resumo Não Técnico, pp.8. 

2- AAC, Agri-pro Ambiente, Consultores S.A. (2008). Estudo do Impacto Ambiental dos Projetos de Conversão e de Loteamento da Refinaria de Sines, Galp Energia, Vol. 2, Cap. 4.

3-  Adriano, D.C., Page, A.L., Elseewi, A.A., Chang, A.C., e Straughan, I. (1980). Utilization and disposal of fly ash and other coal residues in terrestrial ecosystems: a review. J. Environm. Qual., Vol. 9:03, pp. 333 – 334.

4- Alloway, B.J. e Ayres, D.C., (1993). Chemical Principles of Environmental Pollution. Blackie Academic & Professional, London; New York, ISBN 0751400130, pp. 291.

5- Carlon, C. (Ed.) (2007). Derivation methods of soil screening values in Europe, A review and evaluation of national procedures towards harmonization, European Commission, Joint Research Centre, Ispra, EUR 22805-EN, pp. 306.

6- CCDR (2004), Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo. Projeto Sinesbioar - Relatório Técnico Intercalar.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Trabalhos na Proximidade de Instalações Elétricas em Tensão

Mais uma vez muito bem vindos a este espaço, nesta publicação vamos falar de trabalhos na proximidade de instalações eletricas, por entender que estes merecem uma especial atenção no que toca à prevenção e segurança no trabalho.

Nos trabalhos em instalações elétricas o trabalhador poderá ter de se aproximar de peças nuas em tensão. Esta proximidade pode dever-se por exemplo:
- Em locais de acesso reservado a eletricistas, qualquer que seja a natureza do trabalho;
- Na subida a apoios ou pórticos e na vizinhança a condutores nus de linhas aéreas para a realização de trabalhos de construção ou de conservação da instalação elétrica.

 Tendo em conta a distância do trabalhador face às peças nuas em tensão, são estabelecidas algumas regras.

Zonas de proximidade

Trabalhos no interior de espaços reservados a electricistas:

A proximidade a uma instalação eléctrica contendo peças nuas em tensão, está dividida em 4 Zonas, como é possível verificar na figura numero 2, determinadas em função:

- Do limite exterior da zona de trabalhos em tensão (DL)
- Da distância de vizinhança (DV)

O limite exterior da zona de trabalhos em tensão (DL) coincide com a distância mínima de aproximação definida para cada nível de tensão.

As distâncias de vizinhança (Dv) prescritas pela EDP são:


Figura nº 1- Distâncias de vizinhança prescritas pela EDP



Trabalhos no interior de espaços reservados a elétricistas:

Figura nº 2- Proximidade a uma instalação elétrica contendo peças nuas em tensão

      Legenda:
-1- Zona de Trabalhos em Tensão em Alta Tensão (AT);
  2-    Zona de Vizinhança em AT;
  3-    Zona de Prescrições Reduzidas;
  4-   Zona de Trabalhos Baixa Tensão (BT);

Zona 1- Zona de Trabalhos em Tensão em AT
Espaço em volta das peças em tensão, até à distância mínima de aproximação, no qual o nível de isolamento destinado a evitar o perigo elétrico não é garantido se nele se entrar sem serem tomadas medidas de proteção.
Nesta zona os trabalhos só podem ser realizados com o respeito pelas regras dos Trabalhos em Tensão (TET).

Zona 2- Zona de Vizinhança AT
Zona definida apenas para o domínio de AT, fica compreendida entre o limite exterior da zona de trabalhos em tensão (DL) e a distância de vizinhança (DV).
Só é permitido trabalhar nesta zona trabalhadores habilitados e autorizados pelo empregador, trabalhos na vizinhança de peças nuas em tensão.
Apenas é permitido trabalhar nesta zona com a devida delimitação da zona de trabalho, a delimitação deve ser feita por meio de anteparos, protectores isolantes, etc. De forma a assegurar que não é possível tocar nas peças em tensão ou entrar na zona de trabalhos em tensão.
Caso não seja possível ser adoptada nenhuma forma de delimitação material da zona de trabalhos. Excecionalmente o responsável pela instalação poderá autorizar o trabalho desde, que possa ser garantida uma distância de segurança não inferior a DL e assegurando uma vigilância apropriada por pessoa qualificada. 

Zona 3- Zona de Prescrições Reduzidas
Zona de trabalhos, determinada para áreas em BT e AT, localizada no interior de um local de acesso reservado a eletricistas, mas para além da distância de vizinhança (DV).
Apenas é permitido o acesso a pessoas autorizadas pelo respectivo empregador. Estes trabalhadores deverão:
- Ser instruídos para as operações a realizar em instalações do domínio de tensão considerada no local;
- Ou ter autorização escrita ou verbal do empregador e serem vigiadas por uma pessoa formada para esse efeito. Esta vigilância é desnecessária se estiver materializado no local o limite entre as zonas 2 e 3 em AT, e entre 3 e 4 em BT.
Fora do limite exterior da zona de vizinhança é desnecessário tomar precauções especiais relativamente às peças nuas em tensão, salvo a de não entrar na zona de vizinhança. 

Zona 4- Zona de Trabalhos BT
Zona localizada entre as peças nuas em tensão, a distância mínima de aproximação é 0,30 m.
 Esta zona é considerada:
- De trabalhos em tensão, se não tiverem sido tomadas medidas para afastar ou impedir o contato com as peças em tensão;
- De vizinhança BT se forem tomadas medidas adequadas para impedir qualquer contato com as peças em tensão.

No caso das Tensões Reduzidas:
- As zonas de trabalhos do domínio da tensão reduzida funcional (TRF) são comparadas às dos trabalhos em BT.
- A zona de prescrições reduzidas tem como limite o contacto com a peça em tensão.

Nos trabalhos efetuados na proximidade de instalações dentro do domínio das tensões reduzidas o executante deve ter em conta sempre o risco de curto-circuito e de queimaduras e, quando for o caso, o risco de explosão.

Figura nº 3- Zona de Proximidade em Redes Aéreas


Trabalhos fora de locais reservados a electricistas

Nos locais que não são de acesso restrito a electricistas, não havendo nenhuma sinalização limite exterior adequada, para trabalhadores não instruídos assume-se como limite exterior a distância D relativamente às peças em tensão:
- 3 metros para Un ≤ 60 kV;
- 5 metros para 60 kV < Un ≤ 220 kV;
- 6 metros para Un > 220 kV.


Subida de postes de linhas aéreas em condutores nus
Logo que os executantes começam a subida dos postes, as regras a seguir são as referidas na zona 3, isto se não for ultrapassado o limite interior de vizinhança (DL) em relação aos condutores nus.
 Se tiverem de ultrapassar este limite:
− Em BT, entram na zona 4 e, como tal, devem colocar em prática os procedimentos para trabalhos em tensão, ou adoptam antecipadamente medidas para colocar as peças em tensão fora de alcance;

− Em AT, entram na zona 2, como tal, devem colocar em prática os procedimentos para trabalhos na vizinhança.

ELIMINAÇÃO DOS RISCOS DEVIDOS À VIZINHANÇA
Sempre que por razões de segurança ou necessidades de exploração não o impeçam, previamente ao inicio do trabalho devem ser suprimidos os riscos correspondentes à vizinhança de peças nuas em tensão, anulando essa mesma vizinhança.

A eliminação dos riscos devidos à vizinhança pode ser feita da seguinte forma:

Consignação
Aquando da preparação dos trabalhos, o responsável pela execução dos trabalhos deve decidir com o responsável de exploração da instalação vizinha, se esta pode ou não ser consignada.

Colocação das peças nuas em tensão fora do alcance dos executantes.

Esta decisão não deve ser tida em conta se a mesma comportar riscos que o trabalho principal.
A colocação das peças nuas em tensão fora do alcance pode ser realizada por afastamento das peças em tensão, por interposição de obstáculos, ou por isolamento como: colocação de anteparos, ecrãs, invólucros ou protectores isolantes.

TRABALHOS NA VIZINHANÇA

Sempre que os trabalhos tenham que ser realizados na vizinhança de peças nuas em tensão, sem anulação dessa vizinhança, devem ser criadas condições para eliminar os riscos que daí resultem, são estas:

− os executantes devem dispor de um apoio sólido que lhes assegure uma posição de trabalho estável e que permita ter as mãos livres;

− sempre que haja necessidade de vigilância, a pessoa encarregada de a fazer deve dedicar-se unicamente a esta tarefa em todas as fases do trabalho, principalmente naquelas em que os executantes corram o risco de se aproximarem das peças nuas em tensão;

− se existir vizinhança com instalações de características e de tensões diferentes, as regras de prevenção a tomar devem ser as da zona mais restritiva tendo em conta distâncias e tensões no local;

− antes de dar inicio aos trabalhos o responsável de trabalhos deve habilitar o pessoal sobre:
• a manutenção das distâncias de segurança;
• as medidas de segurança que foram adoptadas;
• a necessidade de adoção de comportamentos que estejam de acordo com os princípios da segurança.

O executante deve precaver que quaisquer que sejam os seus movimentos nenhuma parte do seu corpo, nem qualquer ferramenta ou objeto que manipula, entra dentro do limite da zona de trabalhos em tensão.

Procedimentos a respeitar antes do início e no fim da execução de trabalhos na vizinhança de peças nuas em tensão:

A) Previamente ao início dos trabalhos, devem ser executadas as seguintes operações:
− realizar a consignação das instalações ou equipamentos que estão previstos consignar;
− colocar fora do alcance as peças nuas que se mantêm em tensão e que estão previstas afastar ou isolar;
− levar a cabo as disposições que possibilitem anular as consequências perigosas de todos os contactos imprevistos com peças nuas em tensão ou susceptíveis de estarem ou ficarem em tensão.

B) Antes de dar inicio aos trabalhos, o responsável de trabalhos deve ainda:
− identificar os materiais e equipamentos onde vai intervir;
− reconhecer as partes que se mantêm em tensão ou susceptíveis de virem a ficar em tensão;
− verificar se os executantes têm ao seu dispor material de execução e de segurança adequados à natureza do trabalho a realizar e aos riscos correspondentes à vizinhança.

C) No final dos trabalhos, o responsável de trabalhos deve:
− verificar visualmente o trabalho efectuado;
− providenciar a retirada dos anteparos isolantes e protectores;
− reunir os trabalhadores ;
− fazer chegar a informação de fim de trabalhos para permitir a colocação em exploração das partes consignadas;
− Precaver a recolha e encaminhamento dos materiais sobrantes.
NOTA: As réguas e fitas métricas a utilizar em trabalhos na vizinhança de peças nuas em tensão ou insuficientemente protegidas devem ser de material não condutor.

ABERTURA DE LOCAIS RESERVADOS AOS ELETRICISTAS
(PT, armários, quadros BT, portinholas, etc. do domínio BT)

Figura 4- Abertura de Locais Reservados aos Eletricistas 
PRESCRIÇÕES PARA TRABALHOS NA VIZINHANÇA DE PEÇAS NUAS EM
TENSÃO DO DOMÍNIO BT

Considera-se trabalho na vizinhança sempre que o executante ou os objectos que este manipula entrem dentro da zona 4, ou seja a uma distância inferior a 0,30 metros a partir das peças nuas em tensão, mas sem que estabeleça contacto intencional com essas peças nuas.

Exemplos:
− limpeza e pintura de material eléctrico;
− colocação ou retirada de anteparos ou de protectores isolantes;
− montagem ou desmontagem de aparelhagem eléctrica fora de tensão.


Em Casos de Trabalhos de natureza elétrica 
a) o trabalhador deve ser formado e estar autorizado a trabalhar na vizinhança de peças nuas do domínio BT. A autorização pode ser permanente;
b) a delimitação material da zona de trabalhos feita pelo responsável de trabalhos, deve ser colocada em todos os locais onde é necessária para protecção dos executantes e de terceiros;
c) no decorrer do trabalho uma pessoa é conduzida a suprimir uma proteção contra os contactos directos (por exemplo abrindo um armário que contém equipamento eléctrico) tornando acessíveis as peças nuas de BT, tem de ser feita uma delimitação da zona para impedir o acesso àquelas quando o trabalhador se retira temporariamente da zona de trabalho.

Trabalhos de natureza não elétrica
No caso de trabalhos de natureza não elétrica estes são realizados por pessoal executante não instruído, são aplicadas as seguintes disposições:
a) Obrigatoriedade de Plano de Segurança com as medidas a tomar, nomeadamente as medidas para o controlo do risco e para a delimitação material da zona de trabalhos;
b) Antes de dar início aos trabalhos deve ser dado conhecimento aos executantes das medidas de proteção definidas no Plano;
c) Os trabalhos devem ser permanentemente vigiados por uma pessoa instruída nomeada para esse efeito, incumbida de zelar para que todas as precauções de segurança necessárias sejam observadas;

PRESCRIÇÕES PARA TRABALHOS NA VIZINHANÇA DE PEÇAS NUAS EM
TENSÃO NO DOMÍNIO AT

Considera-se que o trabalho se realiza na vizinhança sempre que os executantes tenham que se aproximar da peça nua em tensão de uma distância inferior à distância de vizinhança.

Em Casos de Trabalhos de natureza elétrica
a) Os trabalhadores devem ser formados e estar autorizados a trabalhar na vizinhança de peças nuas do domínio de alta tensão. Esta autorização pode ser permanente;
b) A delimitação da zona de trabalhos pelo responsável de trabalhos deve ser feita em todos os planos onde seja necessária para a proteção dos trabalhadores;
c) No decorrer das fases em que os executantes correm risco de se aproximar de Zona de Trabalhos em Tensão, deve ser assegurada uma vigilância permanente. Este procedimento é normalmente levado a cabo pelo responsável de trabalhos ou por pessoa instruída e nomeada para a tarefa.

Trabalhos de natureza não elétrica
Caso os trabalhos de natureza não elétrica sejam realizados por pessoal sem habilitação, são aplicadas as seguintes disposições:
a) Existe a necessidade de uma autorização expressa perante um Plano de Segurança com as medidas de proteção a tomar, designadamente as medidas para a delimitação material da zona de trabalhos.
b) Antes de dar início aos trabalhos deve ser dado conhecimento aos executantes das medidas de proteção definidas no Plano. 
c) Vigilância permanente por uma pessoa habilitada e denominada para essa tarefa, incumbida de zelar para que todas as precauções de segurança necessárias sejam controladas.

TRABALHOS NA VIZINHANÇA DE CANALIZAÇÕES ELÉTRICAS SUBTERRÂNEAS OU ISOLADAS
Trabalhos na vizinhança de canalizações elétricas subterrâneas ou embebidas:
Se os trabalhos forem realizados a uma distancia inferior a 1,50 m de uma canalização elétrica isolada, devem ter tidas em conta as seguintes regras:
− a identificação e balizagem do traçado devem ser efetuadas de forma bem visível pelo responsável pela execução dos trabalhos, em sintonia com o responsável de manutenção;
− o decorrer dos trabalhos deve ser acompanhado por uma pessoa habilitada para a função ;

A aproximação à canalização é admitida nas seguintes condições:

a   A - No caso da utilização de ferramentas manuais como uma pá ou enxada, a aproximação pode ser feita até à canalização, com o cuidado de não a danificar;
Nota: Não é permitida a utilização da picareta na aproximação à canalização.

B -  No caso da utilização de equipamentos ou ferramentas mecânicas:
− Se a canalização estiver visível, um trabalhador deverá observar de forma a garantir que a máquina não se aproxime a menos de 0,30 m da canalização;
− Se a canalização não estiver visível, a distância mínima estimada será de 0,50 m e a vigilância deverá permanecer.

O procedimento para a realização dos trabalhos será o seguinte:
1. preparação do trabalho precisando as medidas de segurança a respeitar, informação e comunicação das mesmas aos executantes;
2. delimitação material da zona de trabalhos;
3. vigilância a definir de acordo com as distâncias a manter.
Nota: Se não for possível a aplicação de algumas destas regras a canalização deve ser consignada.

Trabalhos na vizinhança de canalizações isoladas aéreas ou em elevação
No caso da canalização estar visível, uma pessoa instruída deve ser destacada efetuar a vigilância do pessoal, assim que um ou mais trabalhadores manipulem alguma ferramenta e esta se aproxime a uma distância:
− nula, desde que esta não bata ou forçe a canalização, se os trabalhos forem realizados sem meios mecânicos; nesta situação específica se o pessoal é instruído, a vigilância não é obrigatória;
− a uma distância de 0,30 m se os trabalhos forem realizados com o recurso a meios mecânicos como por exemplo gruas, elevadores com barquinha entre outros.

CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS
As condições atmosféricas como já foi referido em publicações anteriores são um fator primordial a ter em conta.
Se verificar a ocorrência de trovoada, assim como a percepção de relâmpagos, ou de trovões, nenhum trabalho em redes ou instalações elétricas, tanto interiores como exteriores, deve ser começado nem terminado se forem alimentadas por uma linha aérea em condutores nus.
Em caso de precipitações atmosféricas ou nevoeiro espesso que entravem a vigilância do responsável de trabalhos ou da pessoa designada, ou de vento violento que torne impossível a utilização dos meios indispensáveis à execução do trabalho e comprometam por esse fato a segurança, nenhum trabalho no exterior deve ser começado nem terminado.
No caso de se tratarem de instalações interiores alimentadas unicamente por uma rede subterrânea ou aérea em condutores isolados, nenhuma restrição é preconizada.

CIRCULAÇÃO DE PESSOAS NA PROXIMIDADE DAS INSTALAÇÕES EM TENSÃO
A circulação na zona de vizinhança só por si não é considerada como trabalho.
Em locais de acesso reservado a eletricistas só podem aceder, por norma, pessoas instruídas e autorizadas, ou pessoas informadas sobre as prescrições a respeitar face aos riscos elétricos e sob a vigilância de uma pessoa habilitada para o efeito. Em locais de acesso reservado a eletricistas podem ser criados espaços de circulação desde que estes estejam devidamente delimitados e sinalizados.

TRABALHOS NÃO ELÉTRICOS DE CONSTRUÇÃO NA PROXIMIDADE DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM TENSÃO
Na execução de manobras de construção na proximidade de linhas aéreas em tensão, o responsável de exploração indicará a distância (D) a guardar para os equipamentos de elevação, escavação ou transporte, atendendo às respetivas distâncias:
− 3 metros para as linhas aéreas em condutores nus de tensão até 60 kV;
− 5 metros para as linhas aéreas AT em condutores nus de tensão superior a 60kV;
− 6 metros para as linhas aéreas MAT de tensão igual ou superior a 220 kV.

Figura nº 5-  Distância (D) calculada entre o equipamento de elevação e o condutor da linha aérea mais próximo
As distâncias são ponderadas a partir do condutor mais próximo, tendo em conta:
− todos os prováveis movimentos das peças nuas condutoras em tensão, assim como a ação do vento.
− os possíveis movimentos normais e reflexos das pessoas com as ferramentas ou materiais que manuseiem;
− todos os movimentos previsíveis para as máquinas, nomeadamente, deslocações, balanços, chicotes ou queda.

Outra das situações a ter em conta é a utilização de máquinas em movimentações como por exemplo, terraplanagem ou transporte. Os percursos a adotar e os locais de implantação deverão ser escolhidos de modo a não penetrarem dentro da zona limitada exteriormente pelas distâncias acima indicadas, tendo em conta que:
se o percurso de circulação das máquinas passar por debaixo de linhas em tensão, devem colocar-se, de um e de outro lado da linha, balizas delimitadoras da altura da máquina e carga;
se o trajecto apenas se aproxima da linha, devem colocar-se barreiras de sinalização ao longo de todo o percurso, com placas de aviso de perigo de electrocussão colocadas de 20 em 20 metros;
no caso de utilização de gruas devem ser colocados interruptores fim de curso em todas as peças móveis cujo movimento possa levar a máquina ou a carga a entrar na zona interdita delimitada pelas distâncias anteriormente referidas.

Figura nº 6- Balizas delimitadoras da altura da máquina e carga ao longo de uma linha aérea
Reflexão:

Os trabalhos na proximidade de instalações eletricas em tensão, devem ser conduzidos com o máximo de cuidado acautelando sempre as condutas de segurança.
É com enorme satisfação que ao longo deste estágio, primeiro estudando as diferentes regras na teoria, me possibilitou depois a que ao longo das auditorias a trabalhos com e sem tensão, observar e avaliar os inúmeros factores que marcam a diferença ao nível da segurança na realização dos trabalhos. Permitiu-me com o tempo apurar o nível em que as diferentes equipas se encontram umas das outras.
Esta diferenciação tem como finalidade corrigir os procedimentos menos bons que algumas das equipas possam apresentar, procurando constantemente uma melhoria nas condições e métodos de realizar os trabalhos em segurança.

Desta forma, considero da maior importância, por parte da EDP Distribuição, a implementação de ações de formação e sensiblização contínuas, no que diz respeito à temática das distâncias e procedimentos de segurança a adotar nos trabalhos na proximidade de instalações elétricas contendo peças nuas em tensão, não só direcionadas para os intervenientes nesses mesmos trabalhos, mas também para os técnicos de higiene e segurança, englobando também os prestadores de serviços externos.


Bibliografia:

1- EDP – Regulamento de Segurança para a execução de trabalhos para a EDP,   Dezembro 2012;

2- EDP - Regulamento de Consignações da Rede de Distribuição AT, MT E BT, Outubro 2005;

3- EDP – Manual de Segurança – Prevenção do Risco Elétrico, Outubro 2002;

4- Nunes, F. Manual Técnico: Segurança e Higiene do Trabalho, Setembro 2007.