domingo, 8 de dezembro de 2013

Colheita de águas para hemodiálise...

Nesta publicação vamos falar de colheita de águas para hemodiálise uma das actividades à qual tive a oportunidade de assistir enquanto realizei o estágio na unidade de Saúde Publica.
De forma a assegurar um nível de qualidade da água que não comprometa a saúde dos utentes, quer sob a forma de acidentes agudos quer crónicos, o Despacho nº 14391/2001 (2ª Série), prevê que sejam realizadas periodicamente análises físico-químicas e microbiológicas. Esta periodicidade inclui determinações diárias, semestrais e anuais. No que diz respeito ao técnico de saúde ambiental, este atua na vigilância da qualidade destas águas, de forma a que estas preencham os requisitos que garantam a sua utilização na hemodiálise.

Procedimentos a realizar na colheita de amostras para análise microbiológica:
-Desligar o ar condicionado para evitar a contaminação da amostra com microrganismos provenientes do mesmo;
-Vestir a bata e calçar as botas descartáveis;
-Colocar a máscara e luvas;
-Colocar isopropanol a 70% numa compressa e desinfetar a torneira;
-Abrir a torneira, e com escoamento prévio, encher o frasco de 1 Litro, junto da torneira, sempre com o interior da tampa virado para baixo;
-Fechar o frasco junto da torneira e seguidamente fechar a torneira;
-Identificar a amostra e colocá-la na mala térmica;
-Retirar as luvas e a máscara;
-Medir os parâmetros de campo: pH, temperatura e cloro residual livre;
-Preencher a requisição de análise da água.
Segundo o Manual de Boas Práticas de Hemodiálise a concentração máxima admitida de cloro residual livre é de 0,5 mg/L, sendo a concentração ótima a mais próxima de 0 mg/L.
Nas figuras 1 e 2 são apresentados os parâmetros, segundo o Despacho nº 14391/2001, que devem ser monitorizados na colheita de amostras de água para hemodiálise.
Fig.1 Parâmetros microbiológicos 


Fig.2 Parâmetros físico/químicos

                                                           Fig.3 Colocação de luvas

                                                         Fig.4 Recolha da amostra

A Escola Superior de Tecnologia e Saúde do Porto efectuou um estudo com o objectivo de caracterizar a qualidade de águas de diálise, no período de 07-2009 a 04-2010.
Para que todos tenham uma noção real da importância deste tratamento na vida dos pacientes a que a ele tem que decorrer deixo uma breve informação:
Os rins têm a função de eliminar substâncias tóxicas do organismo através da urina, da excreção de água e sais minerais, do controle da acidez do sangue e da produção de hormonas. Quando os rins sofrem de doença crónica que leva à perda das suas funções, dá-se a insuficiência renal crónica (IRC). A IRC caracteriza-se por uma diminuição da capacidade de eliminar determinadas substâncias do organismo, de manter o equilíbrio de água e sais minerais e de produzir hormonas (Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, 2009; Junior, 2004; Vanholder, et al., 2010).
A água utilizada na preparação do dialisante foi, até à década de 70, a mesma que servia para o consumo humano, julgando-se que a água potável da rede servia para este fim. Contudo, esta água contém contaminantes patogénicos que, não sendo perigosos para a população comum, quando ingerida, podem representar um enorme risco para os insuficientes renais, uma vez que esta água entra directamente na circulação sanguínea, tendo apenas uma barreira permeável não selectiva, não passando pelas barreiras naturais do sistema digestivo (Hoenich, 2003; Lamas, et al., 2006; Silva, et al., 1996; Ward, 2004).

Nas amostras, à entrada do tratamento, verificou-se que em 100% destas se encontravam inconformidades  nos parâmetros microbiológicos e 53,85% apresentavam inconformidades nos parâmetros químicos. Após tratamento, 6,41% continuavam a apresentar inconformidades nos parâmetros microbiológicos e todas as amostras recolhidas apresentavam valores em conformidade nos parâmetros químicos. 
Conclui-se que o tratamento tem elevado grau de efectividade.

Muito Obrigado...!!!

Fontes bibliográfica:
- Despacho nº 14391/2001 (2ªsérie), de 10 de Julho:
https://www.ers.pt/uploads/document/file/200/13.pdf
 - Manual de Boas Práticas de Hemodiálise:
 http://www.spnefro.pt/noticias/PDFs/2006_noticia_02_anexo_II.pdf
- Repositório cientifico do Instituto Politécnico do Porto:







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