Nesta publicação vamos
falar de colheita de águas para hemodiálise uma das actividades à qual tive a
oportunidade de assistir enquanto realizei o estágio na unidade de Saúde
Publica.
De
forma a assegurar um nível de qualidade da água que não comprometa a saúde dos
utentes, quer sob a forma de acidentes agudos quer crónicos, o Despacho nº
14391/2001 (2ª Série), prevê que sejam realizadas periodicamente análises
físico-químicas e microbiológicas. Esta periodicidade inclui determinações
diárias, semestrais e anuais. No que diz respeito ao técnico de saúde
ambiental, este atua na vigilância da qualidade destas águas, de forma a que
estas preencham os requisitos que garantam a sua utilização na hemodiálise.
Procedimentos a realizar na colheita de amostras para análise microbiológica:
-Desligar
o ar condicionado para evitar a contaminação da amostra com microrganismos
provenientes do mesmo;
-Vestir
a bata e calçar as botas descartáveis;
-Colocar
a máscara e luvas;
-Colocar
isopropanol a 70% numa compressa e desinfetar a torneira;
-Abrir
a torneira, e com escoamento prévio, encher o frasco de 1 Litro, junto da
torneira, sempre com o interior da tampa virado para baixo;
-Fechar
o frasco junto da torneira e seguidamente fechar a torneira;
-Identificar
a amostra e colocá-la na mala térmica;
-Retirar
as luvas e a máscara;
-Medir
os parâmetros de campo: pH, temperatura e cloro residual livre;
-Preencher
a requisição de análise da água.
Segundo
o Manual de Boas Práticas de Hemodiálise a concentração máxima admitida de
cloro residual livre é de 0,5 mg/L, sendo a concentração ótima a mais próxima
de 0 mg/L.
Nas figuras 1 e 2 são apresentados os parâmetros,
segundo o Despacho nº 14391/2001, que devem ser monitorizados na colheita de
amostras de água para hemodiálise.
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Fig.1 Parâmetros microbiológicos |
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Fig.2 Parâmetros físico/químicos
Fig.3 Colocação de luvas
Fig.4 Recolha da amostra
A Escola Superior de
Tecnologia e Saúde do Porto efectuou um estudo com o objectivo de caracterizar
a qualidade de águas de diálise, no período de 07-2009 a 04-2010.
Para que todos tenham uma noção real da importância deste tratamento na vida dos pacientes a que a
ele tem que decorrer deixo uma breve informação:
Os rins têm a função de
eliminar substâncias tóxicas do organismo através da urina, da excreção de água
e sais minerais, do controle da acidez do sangue e da produção de hormonas.
Quando os rins sofrem de doença crónica que leva à perda das suas funções,
dá-se a insuficiência renal crónica (IRC). A IRC caracteriza-se por uma
diminuição da capacidade de eliminar determinadas substâncias do organismo, de
manter o equilíbrio de água e sais minerais e de produzir hormonas (Associação
Portuguesa de Insuficientes Renais, 2009; Junior, 2004; Vanholder, et al., 2010).
A água utilizada na
preparação do dialisante foi, até à década de 70, a mesma que servia para o
consumo humano, julgando-se que a água potável da rede servia para este fim.
Contudo, esta água contém contaminantes patogénicos que, não sendo perigosos
para a população comum, quando ingerida, podem representar um enorme risco para
os insuficientes renais, uma vez que esta água entra directamente na circulação
sanguínea, tendo apenas uma barreira permeável não selectiva, não passando
pelas barreiras naturais do sistema digestivo (Hoenich, 2003; Lamas, et al.,
2006; Silva, et al., 1996; Ward, 2004).
Nas amostras, à entrada do tratamento, verificou-se que
em 100% destas se encontravam inconformidades nos parâmetros microbiológicos e 53,85%
apresentavam inconformidades nos parâmetros químicos. Após tratamento, 6,41%
continuavam a apresentar inconformidades nos parâmetros microbiológicos e todas
as amostras recolhidas apresentavam valores em conformidade nos parâmetros
químicos.
Conclui-se que o tratamento tem elevado grau de efectividade.
Muito Obrigado...!!!
Fontes bibliográfica:
- Despacho nº
14391/2001 (2ªsérie), de 10 de Julho:
https://www.ers.pt/uploads/document/file/200/13.pdf
- Manual de Boas Práticas de Hemodiálise:
http://www.spnefro.pt/noticias/PDFs/2006_noticia_02_anexo_II.pdf
- Repositório cientifico do Instituto Politécnico do Porto:
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