Esta é uma das áreas de maior actuação do Técnico de
Saúde Ambiental numa unidade de Saúde Publica, pois é das actividades que mais
vezes têm que desenvolver pelo grande número de locais onde lhes compete
efectuar as recolhas.
Conforme consta no Decreto-Lei nº 306/2007 águas para
consumo humano são:
a) “
toda a água no seu estado original, ou após tratamento, destinada a ser
bebida, a cozinhar, à preparação de alimentos, à higiene pessoal ou a outros
fins domésticos, independentemente da sua origem e de ser fornecida a partir de
uma rede de distribuição, de um camião ou navio-cisterna, em garrafas ou outros
recipientes, com ou sem fins comerciais.”
b) “ toda a água utilizada numa empresa da indústria alimentar para
fabrico, transformação, conservação ou comercialização de produtos ou
substâncias destinados ao consumo humano, assim como a utilizada na limpeza de
superfícies, objetos e materiais que podem estar em contacto com os alimentos,
exceto quando a utilização dessa água não afeta a salubridade do género
alimentício na sua forma acabada.”
A
Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) estabeleçe
recomendações nas colheitas de água para consumo humano, nº03/2010 onde constam
os procedimentos a ter em conta nas colheitas de água para consumo humano,
estas representam um complemento ao Decreto-Lei nº306/2007.
Análise Físico-Química:
- Escolher, preferencialmente, uma torneia de água fria;
- Retirar, se possível, os acessórios externos e
adaptados à torneira (filtros);
- Sem escoamento prévio, abrir a torneira e
recolher o primeiro litro de água estagnada num frasco preparado para a análise
de metais. Esta amostra, obrigatoriamente de 1 litro, é utilizada para a
análise do chumbo, níquel, e cobre na água estagnada nas torneiras do
consumidor. Na colheita de amostras onde não se pretende analisar os metais
chumbo, níquel e cobre esta fase não é necessária, procedendo de imediato à
fase seguinte;
- Abrir a torneira e deixar a água escorrer durante
cerca de 5 a 10 segundos com fluxo máximo, reduzir o fluxo e deixar correr;
- Sem
fechar a torneira, recolher a amostra em frasco próprio para análise dos parâmetros
físico-químicos, com a tampa
do frasco virada para baixo;
- Identificar devidamente todos os frascos com etiquetas
próprias;
- Colocar os frascos das amostras em malas térmicas,
devidamente limpas, dotadas de acumuladores de frio, de modo a garantir a
correcta refrigeração das amostras até a sua entrega no laboratório acreditado
para posterior análise da qualidade da água.
Análise Microbiológica:
- Desinfetar as mãos (ex: álcool);
- Escolher, preferencialmente, uma torneia de água fria;
- Retirar, se possível, os acessórios externos e
adaptados à torneira (filtros);
- Desinfetar a torneira com o flamejador;
- Abrir a torneira e deixar a água escorrer durante
cerca de 5 a 10 segundos com fluxo máximo, reduzir o fluxo e deixar correr para
eliminar a interferência do desinfetante e da temperatura do flamejamento;
-Sem
fechar a torneira, recolher a amostra em frasco estéril com tiossulfato de
sódio com a tampa do frasco virada para baixo, garantindo condições de assepsia;
- Para evitar contaminações, garantir que o frasco
estéril só deverá estar aberto pelo período de tempo estritamente necessário
para a recolha da amostra;
- Identificar devidamente todos os frascos com etiquetas
próprias;
- Colocar os frascos das amostras em malas térmicas,
devidamente limpas, dotadas de acumuladores de frio, de modo a garantir a
correcta refrigeração das amostras até a sua entrega no laboratório acreditado
para posterior análise da qualidade da água.
Para
poder determinar a qualidade da água é necessário proceder a diferentes tipos
de análises:
Análises Físico-Químicas (AFQ) - determinação dos
parâmetros físico-químicos.
Figura 1- Parâmetros Físico-Quimícos da água destinada ao consumo humano. |
Análises Microbiológicas (AM) - determinação dos
parâmetros microbiológicos.
Figura 2- Parâmetros Microbiológicos da água destinada ao consumo humano.
Ao efectuar a colheita é necessário preencher
uma folha onde constem algumas indicações:
|
- Identificação do
ponto de colheita;
- Data e hora da
colheita
- Características da
água;
- Registo dos resultados dos parâmetros analisados no local, nomeadamente do teor de desinfetante residual
(habitualmente cloro residual livre), pH e temperatura;
- Parâmetros a
determinar no laboratório (AM, AFQ).
De forma a transmitir uma ideia mais real da intervenção do Técnico de
Saúde Ambiental na vigilância de água para consumo humano , publicarei em
seguida em relatório que tive que desenvolver nesta Unidade de Saúde Pública
(este relatório não fará referencia ao nome da Técnica de Saúde Ambiental que
me acompanhou na colheita nem ao local onde a mesma foi efectuada):
Relatório de Análise de Colheita
No dia 14 do mês de Outubro do ano 2013, a Técnica de Saúde
Ambiental, fazendo-se acompanhar pelo estagiário do curso de Saúde Ambiental,
Miguel Lampreia, realizaram uma colheita de água com destino ao consumo humano.
A colheita efectuou-se numa torneira de uma habitação e posteriormente foi
enviada para análise bacteriológica e físico-química, no Laboratório de Saúde
Pública de Beja.
Na receção do relatório
da colheita, foi possível verificar que uns dos parâmetros, os nitratos, não se
encontravam de acordo com o valor de referência da legislação (Decreto-Lei nº
306/2007, de 27 de Agosto), sendo o limite de nitratos
permitido de 50 mg/L. Este aumento de concentração de nitratos na água poderá originar consequências bastante
negativas para a saúde da população, já que a toxicidade dos nitratos é
principalmente atribuída à sua redução a nitrito e o maior efeito biológico dos
nitritos em humanos é o seu envolvimento na oxidação da hemoglobina a
metahemoglobina, sendo esta incapaz de se ligar e transportar oxigénio.
Desta forma, recomenda-se à entidade responsável, que sigam algumas
medidas de forma a diminuir a concentração de nitratos na água da rede:
- Aplicação dos métodos de osmose inversa e permuta iónica;
- Reforço do processo de desnitrificação.
Figura 3- Flamejar a torneira |
Figura 4- Frascos das Amostras |
Figura 5- Colheita da Amostra |
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade da água
para consumo humano é um indicador essencial para a avaliação do nível de saúde
das populações. Em Portugal a Entidade
Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) atribui a
entidades gestoras selos de qualidade exemplar da água para consumo humano. Os
selos de "Qualidade exemplar da água para consumo humano" procuram
distinguir as entidades prestadoras de serviços de abastecimento público de
água, que ao longo do último ano tenham assegurado regularmente uma qualidade
exemplar da água para consumo humano. Em Portugal a água para consumo humano
tem vindo ao longo dos anos dado mostras da sua qualidade, no entanto de forma
a distinguir as entidades que, dentro de um universo garante 98% de água
segura, se distinguem pela excelência.
De entre as 403 entidades
que prestam o serviço de abastecimento público de água, foram atribuídos pela
primeira vez a 61 entidades gestoras de serviços de abastecimento público de
água.
Entidades distinguidas:
- AGERE
- AGS - Paços de Ferreira
- Águas da Azambuja
- Águas da Figueira
- Águas da Região de Aveiro
- Águas de Alenquer
- Águas de Barcelos
- Águas de Cascais
- Águas de Coimbra
- Águas de Gondomar
- Águas de Mafra
- Águas de Ourém
- Águas de Paredes
- Águas de S. João
- Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro
- Águas de Valongo
- Águas do Algarve
- Águas do Centro
- Águas do Centro Alentejo
- Águas do Douro e Paiva
- Águas do Lena
- Águas do Marco
- Águas do Mondego
- Águas do Noroeste
- Águas do Oeste
- Águas do Sado
- Águas do Vouga
- Águas do Zêzere e Côa
- Águas e Parque Biológico de Gaia
- Cartágua
- CM de Albufeira
- CM de Almeida
- CM de Barreiro
- CM de Bombarral
- CM de Lagoa
- CM de Moita
- CM de Óbidos
- CM de Penacova
- CM de Póvoa de Varzim
- CM de São Brás de Alportel
- CM de Silves
- EAmb - Esposende Ambiente, EEM
- EPAL
- ICOVI
- Indaqua Fafe
- Indaqua Matosinhos
- Indaqua Santo Tirso/Trofa
- Indaqua Vila do Conde
- INFRALOBO
- INFRAMOURA
- INOVA
- Luságua Alcanena - Gestão de Águas
- SM de Castelo Branco
- SM de Nazaré
- SMAS de Almada
- SMAS de Montijo
- SMAS de Sintra
- SMAS de Tomar
- SMAS de Viseu
- SMSB de Viana do Castelo
- Tavira Verde
Consulte também:
Qualidade da água para consumo humano em Portugal - Ano de 2012:
http://www.ersar.pt/website/ViewContent.aspx?Name=Qualidadedaagua2012&SubFolderPath=&Section=News&FinalPath=Not%C3%ADcias&FolderPath=
Qualidade da água para consumo humano em Portugal - Ano de 2012:
http://www.ersar.pt/website/ViewContent.aspx?Name=Qualidadedaagua2012&SubFolderPath=&Section=News&FinalPath=Not%C3%ADcias&FolderPath=
Prémios
de Qualidade dos Serviços de Águas e Resíduos 2013:
Fontes:
- Decreto-Lei nº 82/2009, de 2 de Abril:
http://dre.pt/pdf1s/2009/04/06500/0206202065.pdf
- Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto:
http://dre.pt/pdf1sdip/2007/08/16400/0574705765.pdf
- Recomendações
da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) nº 03/2010:
http://www.ersar.pt/website/ViewContent.aspx?SubFolderPath=%5cRoot%5cContents%5cSitio%5cMenuPrincipal%5cDocumentacao%5cPublicacoesexternas&Section=MenuPrincipal&FolderPath=%5cRoot%5cContents%5cSitio%5cMenuPrincipal%5cDocumentacao&GenericContentId=0&BookID=2357
- Programa de Vigilância Sanitária da Água para
Consumo Humano (2011):
http://portal.arsnorte.minsaude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Conte%C3%BAdos/Sa%C3%BAde%20P%C3%BAblica%20Conteudos/Agua_Consumo_Programa2011_PVSACH.pdf
- Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR):
http://www.ersar.pt
- Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR):
http://www.ersar.pt
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