segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Chegou ao fim mais um Estágio!!

Ao chegar ao fim desta etapa sinto que ainda tenho um longo caminho a percorrer enquanto futuro técnico de Saúde Ambiental, mas posso afirmar que já me sinto no decorrer desse percurso. Chego ao fim também com a plena consciência de que dei o melhor de mim em todas as actividades que me foram propostas e com a convição que se as desenvolvesse novamente o faria de forma mais correcta e eficaz, resultado da aprendizagem que me foi possibilitada.
 Estágio III fez parte do quarto e ultimo ano da licenciatura em Saúde Ambiental, decorreu desde o dia 30 de Setembro ao dia 29 de Novembro de 2013 numa Unidade de Saúde Pública.
Este estágio foi importante no sentido em que me permitiu aplicar e consolidar muitos dos conhecimentos adquiridos, ao longo de quase três anos e meio de licenciatura já decorridos até aqui. A realização destas actividades foram para mim bastante enriquecedoras pois nas unidades de saúde pública o Técnico de Saúde Ambiental trabalha nas mais diversas áreas. No entanto aquelas que mais me agradaram foram as do âmbito da promoção e educação para a saúde em que tive oportunidade de poder transmitir a mensagem directamente àqueles à qual esta se destinava.
Uma experiência totalmente nova para mim directamente associada a este estágio foi a criação deste blogue, espero poder dar-lhe continuidade com novas publicações deste mundo tão fascinante que é o da Saúde Ambiental.
Não posso terminar esta publicação sem agradecer às pessoas que possibilitaram a realização deste estágio Curricular III, e que das mais diversas formas contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional. Um muito obrigado à Professora Raquel Rodrigues dos Santos, à Dr.ª Anabela Barradas, à Dr.ª Daniela Duarte e por fim mas não menos importante à Dr.ª Cristina Soares, um desde já muito obrigado também aos colegas Ana Machado e Luís Pato pela camaradagem demonstrada nesta tão enriquecedora experiência que passamos juntos.
Pois nestes já três anos e meio de Licenciatura aprendi que Saúde Ambiental é mais que uma licenciatura ou um mercado de trabalho, Saúde ambiental é uma forma de estarmos na vida, e contribuir para um ambiente melhor e mais saudável, ou seja Na vida em Saúde Ambiental!!!
Muito Obrigado….                                                       


                                                          Miguel Lampreia                               

Promoção e Educação para a Saúde

No que respeita à área da promoção e educação para a saúde, a Administração Regional de Saúde, em colaboração com as pré-escolas e escolas até ao 12º ano, têm vindo a desenvolver acções de modo a promover a saúde junto dos alunos.
Nesta publicação vamos falar mais uma vez de actividades desenvolvidas junto de escolas do distrito de Beja. Estas foram levadas a cabo por mim e pelos meus colegas de estágio. Uma das actividades foi desenvolvida junto de uma turma de 10º ano do Ensino Secundário do distrito de Beja. O tema abordado junto desta turma foi o das energias renováveis, à qual demos a designação de “Energia Jovem” pois entendemos que os jovens são de suprema importância no presente e no futuro no que toca ao desenvolvimento destas jovens energias.
O objectivo desta acção é a consciencialização sobre as alternativas aos recursos não renováveis, e que se promova a implementação e utilização de recursos renováveis, neste caso das energias renováveis, sendo que estas trarão mais benefícios, não só para a saúde mas também para o meio ambiente.

A actividade consistiu numa apresentação em power point das diferentes energias renováveis existentes, explicando os benefícios destas em detrimento nas energias não renováveis, a apresentação será exposta nesta publicação mais à frente para que a possam consultar, foi ainda feita uma demonstração de um carro movido através de painéis solares. 

Fig.1 Apresentação da actividade Energia Jovem
Fig.2 Carro movido a luz solar 

                             
                                       Energia jovem from Luís Filipe Pato
De acordo com os dados do gabinete de estatísticas europeu, a percentagem de energia proveniente de fontes renováveis na UE tem vindo a aumentar: em 2004 era de 7,9%, em 2006 de 8,5%, em 2008 de 9,6%, em 2010 de 12,1%  e em 2011 de 13%. As percentagens de energias renováveis mais elevadas, em 2011, pertenceram à Suécia (46,8%), à Letónia (33,1%), Finlândia (31,8%), enquanto as mais baixas foram observadas em Malta (0,4%), Luxemburgo (2,9%) e Reino Unido (3,8%). Portugal registou, em 2011, a sexta percentagem mais elevada (24,9%) entre os Estados-membros, um crescimento em relação aos 22,7% observados um ano antes. Desde 2004 (últimos dados disponibilizados pelo Eurostat), Portugal tem vindo a aumentar a sua quota de energias renováveis. Em 2004, a percentagem de energia de fontes renováveis representava, em Portugal, 19,3% do consumo final bruto de energia, em 2006 de 20,6% e em 2008 de 22,3%. 
A estratégia da UE para lutar contra as alterações climáticas tem como  objetivo aumentar para 20% a quota das energias renováveis até 2020. 
Valores ao qual acredito que com as devidas ações de sensibilização e informação podem ser ultrapassados.

Aprender com segurança

Outra das actividades foi efectuada numa escola primária onde foi abordada a temática da segurança designada de “Aprender com Segurança”. Esta actividade teve como objectivo alertar e prevenir as crianças para os perigos que correm e como deverão preveni-los nos mais variáveis meios onde se movem. A apresentação foi toda ela feita através de power point, com explicações de casos práticos com que se deparam no dia a dia e através de vídeos ilustrativos, para que possam ter uma real noção do trabalho desenvolvido. 
Deixo em seguida o trabalho apresentado.  

Fig.3 Apresentação de actividade Aprender com Segurança


                              
                                        Segurança na escola from Luís Filipe Pato
Segundo um estudo efectuado no Peru e publicado por um jornal nesse país “Noticias da América Latina e Caribe”, oito por cento dos menores revela o seu correio eletrônico a qualquer pessoa e mais de 5% já foi assediado por uma pessoa que conhecem através da Internet. Estas duas estatísticas dão uma idéia do perigo que existe ao redor dos avanços da rede mundial de computadores, em especial o facto dos delinquentes sexuais fazerem uso das redes sociais para assediarem menores . Segundo a última pesquisa "Opinando em Grande", realizada pela organização "Ação pelas Crianças", juntamente com o instituto de pesquisa IMASEN, num universo de 413 crianças entre 11 e 17 anos, de 36 distritos de Lima Metropolitana e Callao, mais de 41% das crianças e adolescentes acede à Internet de diariamente e interdiária. A isso, se deve acrescentar que muitas crianças (89%) preferem aceder às redes sociais através de uma cabine pública, mas com privacidade (44%).

O mais grave é que 76,2% acedem à Internet sem a supervisão de um adulto e apenas 21,2% têm algum tipo de controle familiar. Do total, 64,4% navegam de uma a duas horas por dia. A maioria, 55%, navegam pela rede com o objetivo de conversar, 41,6% para jogar, 27,2% para buscar informações, 24,1% para aceder ao correio eletrônico e só 20,2% para estudar.
As crianças, como crianças que são, não têm muitas vezes noções dos perigos que correm, como tal cabe-lhes a nós protege-las para que possam crescer felizes, seguras e com saúde...

Muito Obrigado...!!! 

Fontes Bibliográficas:
- Circular Normativa nº 7/DSE, de 29/06/2006:
http://www.dre.pt/pdf1s/1995/05/125A00/33783380.pdf
- Decreto-Lei nº 117/1995, de 30 de Maio:
http://www.dre.pt/pdf1s/1995/05/125A00/33783380.pdf
- World report on child  injury prevention. World Health Organization, 2004:
http://www.unicef.org/eapro/World_report.pdf
Diretiva Comunitária 2009/28/CE de 23 de Abril de 2009:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2009:140:0016:0062:pt:PDF
- EU energy figures- STATISTICAL POCKETBOOK 2013:
http://ec.europa.eu/energy/publications/doc/2013_pocketbook.pdf
- Renováveis- Estatísticas Rápidas- Agosto 2013:
http://www.dgeg.pt/
















domingo, 8 de dezembro de 2013

Colheita de águas para hemodiálise...

Nesta publicação vamos falar de colheita de águas para hemodiálise uma das actividades à qual tive a oportunidade de assistir enquanto realizei o estágio na unidade de Saúde Publica.
De forma a assegurar um nível de qualidade da água que não comprometa a saúde dos utentes, quer sob a forma de acidentes agudos quer crónicos, o Despacho nº 14391/2001 (2ª Série), prevê que sejam realizadas periodicamente análises físico-químicas e microbiológicas. Esta periodicidade inclui determinações diárias, semestrais e anuais. No que diz respeito ao técnico de saúde ambiental, este atua na vigilância da qualidade destas águas, de forma a que estas preencham os requisitos que garantam a sua utilização na hemodiálise.

Procedimentos a realizar na colheita de amostras para análise microbiológica:
-Desligar o ar condicionado para evitar a contaminação da amostra com microrganismos provenientes do mesmo;
-Vestir a bata e calçar as botas descartáveis;
-Colocar a máscara e luvas;
-Colocar isopropanol a 70% numa compressa e desinfetar a torneira;
-Abrir a torneira, e com escoamento prévio, encher o frasco de 1 Litro, junto da torneira, sempre com o interior da tampa virado para baixo;
-Fechar o frasco junto da torneira e seguidamente fechar a torneira;
-Identificar a amostra e colocá-la na mala térmica;
-Retirar as luvas e a máscara;
-Medir os parâmetros de campo: pH, temperatura e cloro residual livre;
-Preencher a requisição de análise da água.
Segundo o Manual de Boas Práticas de Hemodiálise a concentração máxima admitida de cloro residual livre é de 0,5 mg/L, sendo a concentração ótima a mais próxima de 0 mg/L.
Nas figuras 1 e 2 são apresentados os parâmetros, segundo o Despacho nº 14391/2001, que devem ser monitorizados na colheita de amostras de água para hemodiálise.
Fig.1 Parâmetros microbiológicos 


Fig.2 Parâmetros físico/químicos

                                                           Fig.3 Colocação de luvas

                                                         Fig.4 Recolha da amostra

A Escola Superior de Tecnologia e Saúde do Porto efectuou um estudo com o objectivo de caracterizar a qualidade de águas de diálise, no período de 07-2009 a 04-2010.
Para que todos tenham uma noção real da importância deste tratamento na vida dos pacientes a que a ele tem que decorrer deixo uma breve informação:
Os rins têm a função de eliminar substâncias tóxicas do organismo através da urina, da excreção de água e sais minerais, do controle da acidez do sangue e da produção de hormonas. Quando os rins sofrem de doença crónica que leva à perda das suas funções, dá-se a insuficiência renal crónica (IRC). A IRC caracteriza-se por uma diminuição da capacidade de eliminar determinadas substâncias do organismo, de manter o equilíbrio de água e sais minerais e de produzir hormonas (Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, 2009; Junior, 2004; Vanholder, et al., 2010).
A água utilizada na preparação do dialisante foi, até à década de 70, a mesma que servia para o consumo humano, julgando-se que a água potável da rede servia para este fim. Contudo, esta água contém contaminantes patogénicos que, não sendo perigosos para a população comum, quando ingerida, podem representar um enorme risco para os insuficientes renais, uma vez que esta água entra directamente na circulação sanguínea, tendo apenas uma barreira permeável não selectiva, não passando pelas barreiras naturais do sistema digestivo (Hoenich, 2003; Lamas, et al., 2006; Silva, et al., 1996; Ward, 2004).

Nas amostras, à entrada do tratamento, verificou-se que em 100% destas se encontravam inconformidades  nos parâmetros microbiológicos e 53,85% apresentavam inconformidades nos parâmetros químicos. Após tratamento, 6,41% continuavam a apresentar inconformidades nos parâmetros microbiológicos e todas as amostras recolhidas apresentavam valores em conformidade nos parâmetros químicos. 
Conclui-se que o tratamento tem elevado grau de efectividade.

Muito Obrigado...!!!

Fontes bibliográfica:
- Despacho nº 14391/2001 (2ªsérie), de 10 de Julho:
https://www.ers.pt/uploads/document/file/200/13.pdf
 - Manual de Boas Práticas de Hemodiálise:
 http://www.spnefro.pt/noticias/PDFs/2006_noticia_02_anexo_II.pdf
- Repositório cientifico do Instituto Politécnico do Porto:







Estabelecimento de comércio e retalho de carnes e produtos à base de carne;

Nesta publicação irei voltar ao tema da segurança alimentar. Uma das funções do Técnico de Saúde Ambiental, atuando como representante da autoridade de saúde pública, é a realização de vistorias a estabelecimentos, efectuando o controlo das condições higio-sanitárias, como mencionado no Decreto-lei n.º 82/2009 de 2 de Abril. Este estabelece as regras de designação, competência e funcionamento das entidades que exercem o poder de autoridade de saúde. O artigo 5º do mesmo Decreto, alínea a) ponto 3, refere “Vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas correctivas necessárias à defesa da saúde pública
No dia catorze de Novembro de 2013, foi efectuada uma vistoria a um estabelecimento de comércio e retalho de carnes e de produtos à base de carne, de forma a avaliar essas mesmas condições. De acordo com tudo o que foi visualizado na vistoria e com base na legislação em vigor:
  • Decreto-Lei nº 207/2008 de 23 de Outubro, que procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 147/2006, de 31 de Julho, que aprova o Regulamento das Condições Higiénicas e Técnicas a Observar na Distribuição e Venda de Carnes e Seus Produtos;
  • Decreto-Lei nº243/1986 de 20 de Agosto, que aprova o regulamento geral de higiene e segurança do trabalho nos estabelecimentos comerciais de escritório e serviços;
  • Portaria nº 1456-A/1995 de 11 de Dezembro, que regulamenta as prescrições mínimas de colocação e utilização da sinalização de segurança e saúde no trabalho;
  • Informação Técnica da Direção Geral de Saúde de 2/2010, relativa à Emergência e Primeiros Socorros em Saúde Ocupacional.

Com base na legislação anteriormente descrita, verificaram-se as seguintes anomalias:
a)     Quadro eléctrico sem legenda e sem sinalização de “perigo de electrocussão”.
b)     Placa de sinalização de emergência sem pictograma;
c)      Inexistência estojo de primeiros socorros;
d)     Ausência de vestiários e instalações sanitárias do pessoal;
e)      As lâmpadas destinadas à iluminação do estabelecimento não possuem dispositivos de proteção;
f)       Ausência de rede mosquiteira na janela;
g)     O recipiente de despejo dos subprodutos, aparas, gorduras e ossos não tem tampa;
h)    Os aparelhos e utensílios utilizados no corte da carne e seus produtos, fiambreira, picadora, facas e cutelos não se encontram eficazmente protegidos;
i)       As superfícies de corte dos produtos à base de carne (fiambre, paios e outros), não se encontram protegidas por película alimentar aderente;
j)       Inexistência de termómetro num dos expositores frigoríficos;
k)     Vitrina sem porta de correr;
l)       A mesa de corte não permite uma adequada raspagem, lavagem e desinfecção;
m)   Inexistência de armário para armazenagem de detergentes e outros materiais de limpeza;
n)    Existência de material obsoleto na área de trabalho (bancada de atendimento) e na sala de arrumos.
o)     O trabalhador não apresentava o vestuário adequado;

Medidas propostas:
a)     Dotar os disjuntores do quadro elétrico de legenda adequada, bem como de placa de sinalização de perigo de eletrocussão;
b)     Proceder à substituição da placa de sinalização de saída de emergência por placa com pictograma;
c)      Adquirir um estojo/caixa de primeiros socorros, com conteúdo adequado e colocar em local acessível e devidamente sinalizada com placa foto luminescente;
d)     Deve ser prevista a criação de uma instalação sanitária devidamente equipada, bem como uma zona de balneário/vestiário dotada de armário vestiário;
e)     Dotar as lâmpadas do estabelecimento de dispositivos contra queda e rebentamento proteção
f)       Colocar rede mosquiteira na janela do estabelecimento;
g)     Munir o recipiente de despejo dos subprodutos, aparas, gorduras e ossos por recipiente com tampa e accionado por pedal;
h)    Acondicionar os aparelhos e utensílios utilizados no corte da carne e seus produtos, fiambreira, picadora, facas e cutelos de forma a protege-los dos insectos, poeiras e outros agentes de contaminações e conspurcações;
i)       Dotar as superfícies de corte dos produtos a base de carne (fiambre, paios e outros), com película alimentar aderente;
j)       Colocar termómetro no expositor frigorífico que não está munido deste aparelho;
k)     Dotar a vitrina de portas de correr;
l)       Substituir tampo da mesa de corte;
m)  Munir de armário de material liso, lavável e resistente à corrosão para armazenagem de detergentes e outros materiais de limpeza;
n)    Retirar material obsoleto da área de trabalho (bancada de atendimento) e da sala de arrumos.
o)     O trabalhador deve utilizar, avental de material impermeável, proteção de cabeça (gorro, boné ou toca), calçado impermeável e de fácil lavagem e desinfecção.

22 de Novembro 2013



 A Defesa do Consumidor, DECO-PROTESTE, em Março de 2013, realizou um estudo sobre 34 amostras de carne picada e vendida a granel em talhos da Grande Lisboa e do Grande Porto.
No que diz respeito à higiene o estudo da DECO foi devastador, pois foi detectada listéria em 35% das amostras e salmonelas em 25%. Mas se esta contaminação a nível microbiológico se resolve cozinhando bem a carne, o mesmo não acontece com os sulfitos, que provocam reacções alérgicas e, em pessoas vulneráveis, também asma. Os sulfitos são conservantes absolutamente proibidos na carne picada fresca. Mesmo nos preparados de carne congelada apenas é permitida a utilização de 2 miligramas por quilo. Neste estudo foram detectados valores 100 a 200 vezes superiores aos permitidos.

Enquanto cidadão e futuro Técnico de Saúde Ambiental os resultados deste estudo deixam-me bastante preocupado, pois os resultados obtidos são prova de que as normas de segurança alimentar não estão a ser cumpridas podendo colocar em risco a saúde da população. No entanto é com agrado que ao efectuar mais pesquisas relacionadas com o tema deparo com uma noticia do jornal o Público datada de 16 de Abril de 2013 que dá conta  que a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) estão a analisar 1477 talhos em todo o país e a recolher amostras de carne picada para verificar a existência, ou não, de sulfitos ou outras substâncias proibidas no produto. Depois de a Deco ter feito, por conta própria, uma análise à carne de 34 talhos de Lisboa e Porto, - dados que dei conta anteriormente - o Governo decidiu avançar com uma operação nacional para detectar más práticas. Em causa estão mais de 15% dos talhos licenciados em Portugal continental e o número de amostras a recolher varia consoante a região e em função do risco identificado pelas autoridades.
Na mesma noticia pode ler-se ainda que Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-Alimentar, adiantou que além desta acção de fiscalização, que decorre entre Abril e Maio, o executivo vai criar uma plataforma de diálogo entre todas as entidades envolvidas nas questões de segurança alimentar.
A intenção é reunir consumidores, agricultores, inspecção económica e veterinária, e grande distribuição.
A plataforma, que será constituída em breve, pode ainda pedir à European Food Safety Authority (EFSA) que faça estudos mais aprofundados sobre o tema. Em suma, "terá uma análise crítica e construtiva do que é a nossa legislação da área alimentar, ajustando-a às necessidades e realidades de agora, nunca pondo em causa os temas de segurança alimentar e juntando todos, produtor, consumidor e grande distribuição".
Espero com elevada expectativa que a plataforma a ser criada venha a contribuir para uma melhoria da segurança alimentar no nosso país, pois  como os resultados do estudo da DECO demonstram ainda temos um longo caminho a percorrer. 

Muito obrigado…!!!


Fontes bibliográficas: 
  • Decreto-Lei nº 207/2008 de 23 de Outubro, que procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 147/2006, de 31 de Julho, que aprova o Regulamento das Condições Higiénicas e Técnicas a Observar na Distribuição e Venda de Carnes e Seus Produtos;
  • Decreto-Lei nº243/1986 de 20 de Agosto, que aprova o regulamento geral de higiene e segurança do trabalho nos estabelecimentos comerciais de escritório e serviços;
  • Portaria nº 1456-A/1995 de 11 de Dezembro, que regulamenta as prescrições mínimas de colocação e utilização da sinalização de segurança e saúde no trabalho;
  • Informação Técnica da Direção Geral de Saúde de 2/2010, relativa à Emergência e Primeiros Socorros em Saúde Ocupacional.
  • Deco-Proteste: http://www.deco.proteste.pt/
  • Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária:http://www.dgv.min-agricultura.pt
  • Autoridade de Segurança Alimentar e Económica: http://www.asae.pt/


Vigilância Sanitária de Águas de Utilização Recreativa

Mais uma vez muito bem vindos ao meu blog, nesta publicação irei falar da Vigilância Sanitária de Águas de Utilização Recreativa, ou mais especificamente de água das piscinas.  O número de utilizadores destes espaços tem vindo a aumentar, especialmente pelos grupos de faixa etária mais baixos, nomeadamente crianças em idade pré-escolar e escolar. Também se tem registado um aumento da utilização destes espaços por grupos de pessoas em fase de terceira idade, pois os benefícios que determinadas actividades desenvolvidas nestes espaços trazem a saúde nesta fase da vida são perfeitamente conhecidos.
Como tal, deve existir uma especial atenção no que se refere aos variados riscos que podem advir para a saúde pública, devido à constante possibilidade de contaminação destas águas, por diversos contaminantes químicos e/ou microbiológicos.

 A Direção-Geral da Saúde criou um programa de vigilância sanitária para as piscinas através da Circular Normativa nº14/DA, de 21 de Agosto de 2009, onde constam variadas noções e procedimentos, visando a avaliação da qualidade da água dos tanques, garantindo a existência de planos de identificação, monitorização e controlo de risco, de modo a eliminar e reduzir os riscos para a saúde dos utilizadores e trabalhadores das piscinas. Este programa de vigilância sanitária abrange as piscinas de Tipo 1 (públicas), Tipo 2 (semi-públicas), sendo excluídas as piscinas de Tipo 3 (uso privado), pois são destinadas a um número reduzido de utilizadores.
No âmbito da vertente tecnológica do programa de vigilância sanitária das piscinas, pretende-se identificar, conhecer e avaliar, as condições de instalação e funcionamento das mesmas (aspectos construtivos, organização dos espaços, revestimentos, circuitos hidráulicos e equipamentos de tratamento de águas, produtos químicos utilizados, higienização da piscina, etc.) e serviços anexos (instalações sanitárias, balneários e vestiários, postos de socorro, etc.), através de vistorias e apreciação de projectos.
A vertente analítica,  pretende aferir acerca da qualidade da água dos tanques, e compreende o planeamento das colheitas, sua realização e posterior análise laboratorial, para pesquisa de indicadores microbiológicos de contaminação e determinação de parâmetros físico-químicos. Alguns parâmetros como o cloro residual livre, cloro combinado, pH e temperatura são determinados localmente aquando das colheitas.

“Segundo o Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril, compete às autoridades de saúde “vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas corretivas necessárias á defesa da saúde publica.”

A vertente epidemiológica é da competência das autoridades de saúde, as quais deverão realizar estudos orientados para a avaliação do risco para a saúde da qualidade da água dos tanques, quando justificados pelos dados analíticos e epidemiológicos, e visa estudar o impacto destes espaços na saúde dos seus utilizadores. 

Fig 1- Piscina coberta
Equipamento necessário à realização de amostras de água de utilização recreativa:













 Procedimento para a Colheita de Amostra de Água para Análise Microbiológica:
Colheita em Superfície:

- Remover com cuidado a tampa do frasco esterilizado, junto à água;
- Encher o frasco à superfície da água, sempre voltado para a frente (o frasco não deve ser enchido totalmente);
- Fechar corretamente o frasco;
- Proceder à devida identificação da amostra na etiqueta colocada no frasco;
- Acondicionar o frasco numa mala térmica, aproximadamente a 4ºC e fazer o seu transporte até um laboratório acreditado;
- Preencher a requisição de análise a ser entregue no laboratório com a identificação da amostra e os parâmetros de campo medidos.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5ºC.

Colheita em Profundidade:
- Colocar corretamente as cordas na armação do frasco;
- Submergir o frasco à profundidade pretendida (aproximadamente 1 metro);
- Movimentar a corda que aciona a abertura do frasco (a corda que permite a entrada de água no frasco deve ser puxada apenas quando o frasco estiver completamente submerso);
- Encher o frasco, fechá-lo corretamente e retirá-lo da água;
- Identificar o frasco com a etiqueta e colocá-lo na caixa metálica;
- Colocar na mala térmica a caixa metálica que contém o frasco e transportá-los ao laboratório.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5ºC.

As colheitas para análise microbiológica têm como objetivo a determinação dos parâmetros microbiológicos presentes na água. 

As colheita para análise Físico-Química tem como objetivo a determinação dos parâmetros físico-químicos presentes na água, sendo necessário para a realização da colheita um frasco de polietileno.
Procedimento para a Colheita de Amostra de Água para Análise Físico-Química:
- Calçar as luvas;
- Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo, sem a pousar no chão;
- Mergulhar o frasco em posição vertical a uma profundidade de cerca de 20 cm, inclinando-o para encher;
- Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento. O frasco deverá ficar completamente cheio;
- Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo;
- Colocar o frasco na mala térmica e transportá-lo ao laboratório de imediato;
- Preencher a requisição de análise a ser entregue no laboratório com a identificação da amostra e os parâmetros de campo medidos.
O prazo entre a colheita da água e o início da sua análise não deve ultrapassar as 6 horas e a temperatura deve ser mantida, aproximadamente entre 3 a 5ºC.

Análises de Campo:
Nas análises de campo, devem ser analisados três parâmetros, teor de pH e de cloro residual livre e a temperatura da água. O teor de cloro residual livre varia consoante o valor do pH, ou seja, para um pH dentro do intervalo de 6,9-7,4 o cloro deverá estar no intervalo de 0,5-1,2 mg/L; para um pH dentro do intervalo de 7,5-8 o cloro deverá estar dentro do intervalo 1-2 mg/L. Da mesma forma é favorável que a temperatura da água da piscina, no caso de uma piscina coberta, apresente valores inferiores a 30º C temperatura.

É extremamente importante continuar a trabalhar na vigilância das águas recreativas, deixo em seguida os nomes de algumas doenças transmitidas por águas das piscinas mal cuidadas:
- Pneumonites;
- Gastroenterites,
- Conjuntivites;
-Tumores cutâneos benignos;
- Pé de atleta;
- Leptospirose;
 - Otites;
- Meningites;

Termino esta publicação com um video informativo, referente ao Pé de Atleta, uma das doenças propícias a ser transmitida nas piscinas, principalmente nas piscinas de água quente:


Muito Obrigado...!!! :)

Fontes bibliográficas:
- Direcção-Geral da Saúde (DGS), Circular normativa nº 14/DA, de 21 de Agosto de 2009. Programa de Vigilância Sanitária de Piscinas:
http://ssaude.files.wordpress.com/2010/12/cn14.pdf
- Decreto-Lei n.º 82/2009, de 2 de Abril:
- Organização Mundial de Saúde:
http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/9241546808_eng.pdf